O ex-secretário de Estado Pedro Nadaf, preso nesta terça-feira (15) na sede da Assembleia Legislativa, em Cuiabá, na Operação Sodoma teria recebido o montante R$ 2,6 milhões como propina para manter benefícios de incentivos fiscais em Mato Grosso, por meio do Prodeic, para o Grupo Tractor Parts. A informação foi dada por um dos sócios do Grupo, João Batista Rosa, à Delegacia de Combate à Corrupção de Mato Grosso.
Nadaf e o também ex-secretário Marcel de Cursi foram presos pela Polícia Civil na tarde de ontem. No mesmo dia, foram encaminhados para o Centro de Custódia de Cuiabá. O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) também teve mandado de prisão preventiva assinado pela juíza da Sétima Vara Criminal da Capital, Selma Rosane Santos Arruda, mas até a manhã desta quarta-feira (16) está foragido.
O grupo Tractor Parts possui nove lojas em diversos municípios de Mato Grosso e fornece peças para tratores e caminhões. Segundo o empresário, após pagar a propina milionária, o benefício foi concedido pela Secretaria de Estado de Indústria e Comércio (Sicme), pasta que era comandada por Pedro Nadaf.
Em seu depoimento, João Batista declarou que o valor foi pago através de cheques emitidos pelo Grupo e transferências bancárias, tudo negociado pelo ex-secretário Nadaf.
No esquema também é investigado o ex-procurador do Estado, Francisco Gomes Andrade Filho e outros. Ele, no entanto, não teve a prisão decretada.
Em nota, o grupo afirmou que foi "vítima de severa extorsão" de agentes públicos durante a gestão de Silval Barbosa (2011-2014).
Operação
Onze mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas residências dos ex-secretários Pedro Jamil Nadaf, Marcel Souza de Cursi e do ex-governador Silval da Cunha Barbosa, além da Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio), NBC Assessoria Consultoria e Planejamento e Invest, e ainda nas residências de três parentes dos suspeitos, que foram conduzidos coercitivamente até a Delegacia de Combate à Corrupção para prestar declarações.
A ação faz parte da Operação Sodoma, deflagrada pela Delegacia de Combate à Corrupção, Ministério Público Estadual, com apoio do Sistema de Inteligência do Estado.
Além dos mandados de prisão preventiva e busca e apreensão, foram cumpridas duas medidas cautelares restritivas, conhecidas como monitoramento eletrônico, em desfavor de Karla Cecília de Oliveira Cintra e Silvio Cezar Correa Araújo.
A investigação criminal iniciou-se há mais de quatro meses e está amparada em robusto acervo de provas da participação dos investigados, conclusão obtida mediante minuciosa análise de dados e de documentos, dentro das mais modernas técnicas de Inteligência.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública ressalta que os agentes policiais estão agindo nos estritos termos da Lei e em cumprimento às ordens judiciais expedidas pela Vara de Combate ao Crime Organizado de Cuiabá.
As ações da Operação Sodoma estão sendo chefiadas pelos delegados da Delegacia de Combate à Corrupção, com apoio do efetivo e logística das demais unidades especializadas das polícias Civil e Militar, além de toda a estrutura da Secretaria de Segurança Pública.
O nome da operação é uma referência à cidade de Sodoma, que foi destruída em razão dos elevados níveis de corrupção praticada pelos seus moradores.
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