O ex-secretário de Indústria e Comércio de Mato Grosso, Pedro Nadaf, revelou em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) tinha 8 milhões de euros em propina para receber da empresa espanhola CAF, responsável pela venda dos vagões do VLT ao governo. O depoimento foi prestado no dia 11 de janeiro de 2017.
Segundo Nadaf, Silval perguntou a ele como funcionava o sistema financeiro na Suíça – país que movimenta dinheiro sem fiscalização – para que pudesse fazer a transação financeira da propina.
Em seu depoimento, Silval Barbosa negou a existência de fraude à licitação, mas admitiu que houve tratativas referentes ao pagamento de propina por parte de empresas integrantes do consórcio vencedor do certame, revelando a ocorrência dos crimes de corrupção ativa e passiva, bem como lavagem de dinheiro.
As investigações envolvendo denúncias de crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro na aquisição dos trilhos do VLT Cuiabá – Várzea Grande tiveram início com base em elementos de informação cedidos por jornalista Rowles Magalhães, ex-assessor de Comunicação da Secopa, ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso.
Operação Descarrilho
A Polícia Federal iniciou a manhã desta quarta-feira (9) cumprindo mandados de busca e apreensão e condução coercitiva deferidos judicialmente em investigação conduzida pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.
A Operação Descarrilho apura os crimes de fraude a procedimento licitatório, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais, em tese ocorridos durante a escolha do modal Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e sua execução em Cuiabá.
A investigação aponta a existência de acertos de propina com representantes de empresas integrantes do Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande e desvio de recursos por intermédio de empresas subcontratadas pelo consórcio. O valor desviado ainda está sendo levantado.
Dos 18 mandados judiciais de busca apreensão e condução coercitiva, 11 estão sendo cumpridos em Cuiabá-MT e um na cidade metropolitana de Várzea Grande. Outros seis são cumpridos em Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Petrópolis e São Paulo (SP).
O inquérito policial tramita perante à Justiça Federal – 7ª Vara da Seção Judiciária de Mato Grosso.
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