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Nadadora com down coleciona 200 títulos

No dia mundial da síndrome de down, celebrado neste sábado (21), uma moradora de Itanhaém, no litoral de São Paulo, tem muito o que comemorar. Após driblar os obstáculos impostos pelas próprias limitações e, graças ao empenho e dedicação, ela se tornou um exemplo para outras pessoas. Aos 33 anos, Kelly Antunes é mãe, atleta e muito especial.

Ela se tornou a melhor nadadora do mundo com Síndrome de Down Mosaico que afeta 3% dos portadores da Síndrome de Down devido a uma porcentagem das células com a trissomia do cromossomo 21 e uma outra porcentagem sem a trissomia. A Síndrome de Down Mosaico tem poucas diferenças notáveis com relação às características da pessoa com Síndrome de Down.

No currículo da atleta, são mais de 200 premiações, entre medalhas e troféus. Sua maior conquista, porém, é ser respeitada pelo filho, pela família e por atletas de vários países por causa da força de vontade que demonstra.

A mãe de Kelly, a dona de casa Albertina da Silva, ficou grávida aos 17 anos. Ela descobriu que a filha tinha Síndrome de Down Mosaico nos primeiros dias após o nascimento da menina. Na época, elas moravam em São Paulo. “A pediatra falou que ela era um pouco diferente. A gente levou ela na USP e foi confirmado”, conta. Aos poucos, ela foi entendendo a doença e sabendo lidar com a filha. “Eu fiquei um pouco chocada, não sabia como eu ia cuidar. Na Apae, começamos a nos tratar com psicóloga. Eu comecei a entender melhor o problema”, diz Albertina.

Aos 18 anos, a jovem recebeu uma notícia que deixou a família muito preocupada. Ela ficou grávida de um menino. “Foi uma surpresa não só para mim como para todo mundo. Só namorávamos. Foi inesperado. Eu aceitei mas foi dificil”, disse Kelly. “Ninguém aceitava. Pensavam que a criança poderia nascer com algum problema. Eu que decidi e falei que a criança ia nascer, falei para ela que iria dar tudo certo, que iamos dar amor e carinho, do mesmo jeito que ela veio. Foi uma alegria", completa a mãe. Igor já tem 15 anos e, atualmente, mora com o pai em São Paulo, por um acordo entre as famílias. Mas, todos os dias, conversa com a mãe.

Pouco tempo depois, Kelly e a mãe se mudaram para Mongaguá, no litoral de São Paulo. Depois da gravidez e de se ver separada do filho após um acordo familiar, quando o menino tinha apenas dois anos de idade, ela resolveu se dedicar totalmente a natação, o esporte que ela tinha iniciado aos 12 anos em São Paulo.

Kelly começou a nadar no Complexo Aquático Harry Forssel, em Itanhaém, e descobriu que tinha alergia ao cloro. "Começa a irritar o meu nariz. Também tenho um pouco de falta de ar e minha pele fica vermelha, começa a me dar coceira. Mas eu não desisti de nadar", afirmou.
A técnica e coordenadora de paradesporto da cidade, Milena Pedro de Morais, acompanhou Kelly desde o início do treinamento e viu a evolução dela nos treinos e na vida pessoal (confira o vídeo). A jovem começou a participar de campeonatos regionais, estaduais, brasileiros até chegar a competições mundiais no Equador, Argentina, Suécia, Itália e Portugal.

Kelly participou de oito provas e ganhou oito medalhas de ouro no Campeonato Mundial de Natação para pessoas com Síndrome de Down, realizado em novembro do ano passado no México. Além disso, ganhou o prêmio de Melhor Nadadora com Síndrome de Down Mosaico do Mundo. “Apesar de algumas dificuldades com a piscina, já que a água estava muito gelada, eu consegui me superar. Foi legal, muito bom e divertido. Eu amei. Fui a melhor do mundo, ganhei oito medalhas de ouro”, afirmou ela.

A técnica, que estava no Brasil, não aguentou a euforia. “Você vê que é a concretização de um trabalho. Eu não dormia mais. É um orgulho para a gente”, fala Milena. A mãe, que também não pôde acompanhar a filha na competição, ficou muito feliz com mais uma conquista dela. “A emoção da gente vai longe. Fiquei muito feliz. A gente fica com o coração apertadinho porque ela estava longe. Ela é um orgulho”, afirma Albertina.
Atualmente, Kelly é integrante da equipe brasileira de natação de pessoas com deficiência intelectual. A atleta representa a equipe de natação paralímpica de Itanhaém e da Associação Desportiva JR, onde também recebe orientação com os técnicos Roberto Di Cunto e Cris Heitzmann.

Kelly não acredita que ter síndrome de down atrapalhe o seu desempenho na piscina e na vida. “Na natação eu não tenho muitas dificuldades, apesar de ser um pouco mais lenta, eu consigo chegar. Eu desejo continuar nadando, participar de competições até eu não aguentar mais. Eu me sinto bem, esqueço todos os meus problemas. Nadar me faz bem, me faz feliz”, disse.

Apesar das situações que a vida coloca como obstáculo, Kelly quer sempre estar passando por todos eles. A mãe dela é testemunha dessa luta diária a favor da felicidade. “Ela é muito dedicada e, mesmo com dificuldade, ela consegue”, afirmou Albertina.

Fonte: G1

Redação

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