Jurídico

Naco descarta ligação do Ministério Público com criação da central de grampos

O Ministério Público do Estado (MPE) diz não haver rastros que liguem o órgão à montagem da central de grampos telefônicos comandada por membros da Polícia Militar. O promotor Domingos Sávio afirma que a investigação feita sobre a cessão das placas à Sesp (Secretaria de Estado Segurança Pública) não apontam para a relação entre saída de equipamento e a criação da central.

“Não temos como afirmar taxativamente se aquelas placas utilizadas por aquele escritório criminoso na interceptação telefônica são as mesmas que havia no Ministério Público. Mas, se forem, pois os indícios apontam nessa direção, com certeza não há nenhuma relação entre a cessão dessas placas à secretaria, que foi feito pelo doutor Marcelo Ferra, em 2010, então procurador de Justiça, com a instalação desse escritório clandestino em 2014”.

O MP convocou coletiva de imprensa nesta quarta-feira (2) para dar esclarecimentos sobre o encerramento da sindicância que rejeitou a participação do ex-procurador-geral Paulo Prado no esquema dos grampos.

Segundo o promotor Domingos Sávio, membro do Naco (Núcleo de Ações de Competência Originária), a falta de documentação que liguem o suposto interesse do Ministério Público na criação do escritório dos grampos (central) levou ao resultado que exclui a participação do procurador. À época, Paulo Prado era coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado), responsável por investigações que coloram políticos de Mato Grosso na posição de réus.

“Segundo informações do próprio coronel Zaqueu, ele diz ter recebido essas placas do coronel Celso (morto), que estava ali junto ao gabinete do secretário [Alexandre Bustamente, Segurança Pública]. Então, a gente pode concluir que, muito provavelmente, que quem tirou essa placa da secretaria e entrou para o coronel Zaqueu foi o coronel Celso”.

Informações “mescladas”

O corregedor-geral-adjunto promotor João Augusto Veras Gadelha disse que os militares investigados no caso dos grampos – Evandro Alexandre Ferraz Lesco, Coronel Zaqueu Barbosa e cabo Gérson Luiz Ferreira Correa – mesclaram em seus depoimentos fatos com mentiras. A entrega da placa ao procurador Paulo Prado seria um dos casos.

“A placa realmente foi entregue ao doutor Paulo Prado, em 2010, e depois eles alteraram [a informação em depoimento] dizendo que eles passaram a placa para o escritório [dos grampos]. Então, eles mesclaram a verdade com a fantasia para dar credibilidade à versão apresentada, com o intuito de conseguir delação premiada no Naco”.

A proposta de acordo foi rejeitada pelo Ministério Público. O cabo Gerson trabalhava no Gaeco na época em que o então coordenador Paulo Prado pediu a placa para cessão à Sesp. Conforme o corregedor Gadelha, os militares afirmaram em segunda versão que Prado entregou a placa diretamente ao escritório dos grampos.  

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.