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Na véspera do feriado, Ibovespa fecha em alta de 0,34% e dólar sobe com ajustes

O Ibovespa teve mais uma sessão de moderada variação no fechamento, com giro relativamente alto na véspera de feriado amanhã, Dia da Consciência Negra, com mercados abertos lá fora. Assim, também à espera do pacote de cortes de gastos, e em dia de agenda doméstica e externa esvaziada, o índice da B3 oscilou dos 127.234,80 aos 128.579,47 pontos, saindo de abertura aos 127.768,19.

Ao fim, mostrava hoje leve ganho de 0,34%, aos 128.197,25 pontos, vindo, nada menos, de cinco sessões em que teve variação inferior a 0,2%, para cima ou para baixo – quatro das quais em oscilação que não chegou a 0,1%. Dessa forma, desde o fechamento de 8 de novembro, o Ibovespa segue trancado em margem estreita, variando dos 127,7 mil a quase 128,2 mil pontos, agora, em fechamentos. O giro financeiro desta terça-feira foi a R$ 19,9 bilhões. Na semana, o Ibovespa sobe 0,32%, ainda cedendo 1,17% no mês e recuando 4,46% no ano.

A recuperação do preço do minério de ferro na China e em Cingapura, negociado acima do limiar de US$ 100 por tonelada, deu suporte à principal ação do Ibovespa, Vale ON, em leve alta de 0,23% no fechamento. O dia foi positivo também para o segmento financeiro, à exceção, entre as grandes instituições, de Santander (Unit -0,04%) – destaque para alta de 0,90% em Itaú PN, a principal ação do setor.

Por outro lado, Petrobras ON e PN cederam hoje 1,28% e 1,05%, respectivamente, em dia de virtual estabilidade para os preços do petróleo, na sessão em Londres e Nova York. Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para Vamos (+4,66%), BRF (+3,74%) e Natura (+3,25%). Do outro lado, Assai (-3,06%), Embraer (-2,19%) e Rede D’Or (-2,17%).

“A Bolsa teve uma melhora e chegou a subir quase 0,60%, e mesmo a possível postergação, por mais uma semana, do pacote de gastos foi recebida de forma suave e tranquila. O mercado espera por um anúncio de real eficiência, e foi ajudado hoje, também, pela melhora externa à tarde”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. Em Nova York, os principais índices de ações mostravam variação de -0,28% (Dow Jones), +0,40% (S&P 500) e de +1,04% (Nasdaq) no fechamento desta terça-feira.

“O Ibovespa operou com cautela hoje, refletindo a expectativa do mercado em relação ao pacote fiscal que o governo anunciará na próxima semana. O governo está sob pressão para apresentar um plano mais estrutural, especialmente após a piora nas expectativas de inflação apontada pelo Boletim Focus”, diz Eduardo Nogueira, sócio da One Investimentos. “A expectativa é de que o pacote inclua medidas significativas para reduzir o déficit fiscal, o que pode impactar diretamente a política monetária e a precificação dos ativos locais”, acrescenta.

O índice da B3 vem de pregões em consolidação na faixa entre 126.869 e 128.423 pontos, observa Inácio Alves, analista da Melver. “Caso o mercado goste do pacote, o índice poderá abrir caminho para romper – para cima – o canal de baixa iniciado em agosto. Mas, se o mercado rejeitar a proposta, há grande possibilidade de o índice continuar, e até acelerar, o movimento descendente”, acrescenta Alves.

Dólar

O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 19, em alta moderada, refletindo correção parcial após a queda de ontem e uma postura mais defensiva dos investidores na véspera do feriado do Dia da Consciência Negra, quando não haverá negócios no mercado local.

A busca pela moeda americana, sobretudo pela manhã, teria sido impulsionada em parte pelo aumento das tensões geopolíticas, com o agravamento do conflito entre Ucrânia e Rússia, que ameaça responder a ataques aéreos com armas nucleares. Moedas vistas como abrigo em momentos de aversão ao risco, como o franco suíço e o iene, operaram a maior parte do pregão com sinal positivo.

Por aqui, as expectativas se voltam para a divulgação do pacote de corte de gastos do governo Lula. Há possibilidade de que o anúncio do plano possa ficar para a semana que vem, apurou a reportagem do Broadcast, que acompanha a cúpula do G20, no Rio de Janeiro.

A operação da Polícia Federal que prendeu militares suspeitos de tramar um atentado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi monitorada, mas não teve impacto relevante nos negócios.

Com máxima a R$ 5,7979 pela manhã, o dólar fechou em alta de 0,34%, cotado a R$ 5,7672. Apesar do avanço de hoje, a moeda ainda acumula queda em novembro (-0,24%). No ano, o dólar sobe 18,83% em relação ao real, que tem, ao lado do peso mexicano, o pior desempenho entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes.

“O dólar está pressionado na véspera do feriado, quando é comum o investidor buscar proteção. Temos um pouco de aversão ao risco no exterior e ainda as dúvidas sobre o tamanho do pacote fiscal. Estão falando em R$ 70 bilhões em dois anos, mas ainda é só especulação”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.

Esperava-se inicialmente que o pacote fosse anunciado após o desfecho das eleições municipais. Depois uma série de reuniões no Palácio do Planalto, das quais emergiram relatos de confronto entre ministros da área social e a equipe econômica, a divulgação foi postergada diversas vezes. No domingo, 17, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o pacote “está fechado” e que o anúncio correrá “brevemente”.

Embora haja perspectiva de divulgação ainda nesta semana, surgiram rumores de que o anúncio pode ficar para a semana que vem. Faltariam ainda acertos com Lula e ajustes para inclusão do Ministério da Defesa no pacote.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, há pouca disposição neste momento para formação de posições mais firmes, o que se reflete na baixa liquidez. “Temos a entrega do pacote fiscal do governo, que pode ser melhor do que o esperado. Dentro desse ponto de vista, o mercado parece estar operando dentro da ideia de que é mais provável o dólar voltar para R$ 5,60 do que subir para R$ 6,00”, afirma Borsoi.

O economista, porém, vê uma tendência de valorização da moeda americana no médio prazo. Além de políticas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, favoráveis ao dólar globalmente, Borsoi não acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) leve a taxa Selic para níveis próximos de 14%, que vê como necessários para promover a convergência da inflação à meta. “E considero que o plano de controle de gastos do governo não vai se mostrar crível ao longo do tempo, assim como aconteceu com o arcabouço”, afirma.

Juros

O mercado de juros embarcou num movimento de correção para baixo no meio da tarde, mais pronunciado nos vencimentos de curto e médio prazos cujas taxas cederam mais de 10 pontos-base. O ajuste não teve um gatilho específico e se deu mesmo com a manutenção do dólar em alta e a falta de sinalização sobre o pacote de corte de gastos que o governo está preparando, fatores que mais cedo serviam de argumento para limitar um alívio maior nos prêmios.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou o dia em 13,18% de 13,32% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 13,49% para 13,34%. O DI para janeiro e 2029 fechou em 13,16% (de 13,28%).

Após oscilarem durante todo o dia entre a estabilidade e viés de baixa, os DIs se firmaram em queda depois das 15h30, com os investidores testando posições mais arriscadas diante dos prêmios polpudos embutidos na curva nas últimas semanas.

As taxas até os vértices intermediários, que ontem haviam encerrado nas máximas desde dezembro de 2022, foram os destaques. Este é o trecho que melhor capta a percepção dos agentes sobre o ciclo da política monetária e vinha sendo castigado pela reprecificação para a Selic nos próximos meses. Ontem a curva chegou a apontar taxa terminal de 14,25%.

Aparentemente, o mercado viu uma janela de oportunidades para buscar prêmios num dia de poucos catalisadores para os negócios. “A curva dos EUA está fechando e internamente estamos à mercê dos alinhamentos das políticas monetária e fiscal”, resumiu o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, destacando que, no caso fiscal, há um viés negativo pelo risco de as medidas de cortes de gastos serem divulgadas apenas na próxima semana.

Segundo apurou o Broadcast junto a fontes, o anúncio pode ficar para a semana que vem. Há ainda reuniões que precisam ser feitas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acertar detalhes sobre de onde pode sair a redução das despesas. O presidente e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deixam o Rio esta noite rumo a Brasília. Amanhã, receberão o presidente da China, Xi Jinping. Na quinta-feira, Haddad deve ir para São Paulo, devendo voltar ao Distrito Federal apenas na segunda-feira.

No exterior, os yields dos Treasuries recuaram, abrindo caminho para alívio nas taxas locais, ainda que motivados pela aversão ao risco vinda das questões geopolíticas. A Rússia atualizou sua “doutrina nuclear” após os EUA permitirem que a Ucrânia ataque alvos dentro do território russo com mísseis americanos de longo alcance. Assim, agora qualquer ataque aéreo à Rússia pode desencadear uma resposta nuclear.

Em teoria, nesse contexto, investidores tendem a buscar ativos seguros, como os Treasuries, fugindo do riscos dos emergentes. Essa dinâmica hoje até serviu para explicar a pressão no câmbio, mas não afetou a curva de juros já inchada por prêmios excessivos.

De todo modo, segundo Sichel, a alta do dólar ajudou a limitar o recuo das taxas durante boa parte da sessão. “É fator determinante para a inflação e, dada a evolução de outros determinantes da política monetária, ajuda a segurar um alívio maior na curva”, afirmou.

Estadão Conteudo

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