Canetas são vendidas por até R$ 4. Em São Paulo, preço médio foi de R$ 3. (Foto: Thaís Lima/G1)
A regra mais conhecida do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é: só pode preencher o cartão de respostas com caneta de cor preta e tubo transparente. Mesmo assim, muitos candidatos acabam chegando ao local de provas sem uma delas, e precisam dar um jeito de conseguir de última hora. A saída, em muitos casos, são os vendedores ambulantes, que levam o produto junto com água, chocolates e chicletes.
Segundo levantamento feito pelo G1 neste sábado em São Paulo, Rio, Recife, Belém, Campo Grande, Salvador, Maceió, São Luís,Teresina, Aracaju, Curitiba e em Brasília, o preço da caneta preta não varia muito, mas chega a custar quatro vezes o valor pago pelos candidatos que se prepararam com antecedência e compraram o item na papelaria.
O preço mais alto encontrado pela reportagem foi no Paraná, onde o item saía por R$ 4. Nas cidades pesquisadas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, o preço médio cobrado na porta dos locais de prova era de R$ 2.
A exceção ficava por conta de São Luís, no Maranhão, onde, por este valor, o candidato ainda levava uma água em um dos pontos de venda. O "combo" era oferecido pela vendedora Patrícia Costa Gonçalves, de 19 anos. A jovem teve a ideia da promoção porque a "concorrência está difícil". "É a minha primeira vez vendendo no Enem. Espero tirar uns R$ 100", completou ela.
Já na porta de uma escola em Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo, uma caneta custava R$ 3. Em papelarias, a mesma unidade pode sair por até R$ 0,99, especialmente se o candidato comprar um pacote delas, para garantir que não vai ficar sem, caso uma falhe.
Perto da Av. dos Bandeirantes, também na Zona Sul da capital paulista, o G1 também encontrou canetas a R$ 3 a unidade. Mas um ambulante dava desconto, e vendia duas unidades por R$ 5.
Em Porto Alegre, o ambulante Silvio Santana, 51 anos, vende bijuterias em frente ao campus central da PUC-RS na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, há 15 anos, de segunda a sexta-feira. Neste fim de semana, aproveitou o Enem para obter uma renda extra.
"Investi R$ 86,10 em três caixas de canetas pretas. Vendi duas e a terceira ficou pela metade. Deu para ganhar um bom dinheiro”, conta ele. “Tem gente que esquece, tem quem queria uma caneta extra e tem os que trazem de tinta azul”, explica. Silvio oferecia uma caneta de cor preta por R$ 3 e duas por R$ 5.
'Deu para lucrar bem'
Pintor e vendedor ambulante nas horas vagas, André Gongalves, 24 anos, lucrou no primeiro dia de provas do Enem, em Goiânia. Ele comprou canetas por R$ 0,45 e vendeu a R$ 2 na porta da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). "Vendi umas 50. Foi bom o movimento, deu para lucrar bem", disse ele, que acabou faturando cerca de R$ 77.
Na Vila Guilherme, Zona Norte de São Paulo, em Brasília e na porta da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), no Rio, o preço da caneta era de R$ 2 neste sábado (24). Na porta da Universidade Católica de Pernambuco, no Recife, o valor da unidade era R$ 1,50. Assim como em Salvador, na Bahia, em frente ao Colégio Manoel Devoto, no bairro do Rio Vermelho.
Em Caruaru (PE), o autônomo Janailson Oliveira, de 19 anos, aproveitou o Enem para ganhar um dinheiro extra. "Eu trouxe 100 canetas e vendi tudo. Cada uma por R$ 2. Só com a caneta lucrei R$ 200. O movimento estava muito grande. Foi muito bom pra mim", conta.
Em Rio Branco (AC), Yago Leandro, de 18 anos, montou uma barraquinha para vender canetas em frente a um dos locais de provas do Enem, em Rio Branco, capital do Acre. A ideia e a frase criativa vieram do pai. "Não tava fazendo nada e meu pai deu a ideia de vender canetas", conta.
Caneta abençoada
Em Natal, no Rio Grande do Norte, um grupo evangélico, da igreja Assembleia de Deus, oferecia canetas ao custo de R$ 1. Além de vendê-las, os religiosos ainda as abençoavam antes de entregá-las. Palavras de apoio aos compradores também não faltavam.
"Vivemos para Cristo e estamos celebrando o aniversário da igreja. Com a celebração, vamos tentar reunir o máximo de jovens para Deus. Vamos aproveitar para evangelizar e desejar sorte aos jovens candidatos do Enem", disse o universitário Lucas Dias, de 19 anos.
O Enem 2015 começa neste sábado (24), mas até 963.979 candidatos ainda não sabem onde farão as provas. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), até as 20h desta sexta-feira (23), 12,4% dos 7.746.057 de candidatos inscritos ainda não haviam acessado o sistema para ver o cartão de confirmação das provas.
Os candidatos devem acessar o endereço enem.inep.gov.br/participante e informar o número do CPF e senha para visualizar os dados. Caso você não lembre sua senha, é possível recuperar o acesso ao site usando seu CPF, sua data de nascimento e o endereço de e-mail ou telefone celular indicado no formulário de inscrição. Para isso, é preciso acessar o endereço enem.inep.gov.br/recuperar-senha.html.
O G1 preparou uma cobertura especial para as provas. Pela manhã, a cobertura em tempo real trará informações, fotos e vídeos da entrada dos candidatos nos locais de prova. Repórteres espalhados nos locais de provas de todos os estados e do Distrito Federal vão trazer desde cedo as expectativas dos candidatos antes e a opinião deles na saída do Enem.
Programa ao vivo
Após o fim das provas, os estúdios do G1 em São Paulo e no Rio darão início a um programa em vídeo ao vivo com professores do Curso e Colégio de A a Z e estudantes que fizeram o Enem.
Eles comentarão os níveis de dificuldade de cada uma das provas, o tema da redação e os pontos mais polêmicos que caíram no Enem. No sábado, as provas serão de ciências humanas e ciência da natureza. No domingo, o Enem terá provas de linguagens, matemática e redação.
Candidatos que fizeram a prova poderão participar do programa enviando perguntas e comentários pela página da cobertura completa do Enem no G1.
Resolução das questões
O G1 trará ainda a resolução das 90 questões de sábado e as 90 questões de domingo preparadas pelos professores do Cursinho da Poli. O gabarito oficial do Enem será divulgado pelo MEC até quarta-feira (28).
Provas do sábado
No primeiro dia do Enem, os candidatos terão que responder a 90 questões de múltipla escolha. Dessas, 45 são da prova de ciências humanas, e 45 são da prova de ciências da natureza. Os portões abrem às 12h fecham às 13h no horário de Brasília (veja abaixo os horários locais de fechamento dos portões em cada estado), e as provas terão início às 13h30. A duração da prova deste sábado é de quatro horas e meia.
Os candidatos só poderão fazer a prova usando caneta transparente na cor preta, e precisam de um documento oficial com foto. Veja essa e outras regras no checklist do Enem.
Enem em números
O Inep informou que 57,55% dos inscritos deste ano são mulheres e 42,45% homens. Um grupo de 278 transexuais e travestis está apto a fazer o exame e será tratado pelo nome social. O total cresceu 172% em um ano. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número subiu de 102, na edição de 2014, para 278.
Estão inscritos 57.013 candidatos que solicitaram atendimento especial por conta de algum tipo de deficiência, como autismo, cegueira, surdez, deficiência física ou intelectual, entre outras.
Neste ano, também há 8.424 gestantes, 10.773 lactantes, 71.195 sabatistas, 1.711 idosos e 718 classes hospitalares.
Fonte: G1