"Na hora dos socos, ninguém me acudiu não. Na sala de sutura tinha médico, tinha até agente penitenciário, acompanhando um preso, mas não fizeram nada", lamentou a técnica de enfermagem E.B., de 36 anos, agredida com dois socos no último sábado (14), por um paciente e a mulher dele, dentro do Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC).
A profissional da saúde relatou que a agressão aconteceu quando ela mexia no soro do paciente. “Eles me xingavam de tudo quanto é coisa”. O casal chegou durante a madrugada após o homem ter sofrido um acidente de moto, no qual passou pela sala de sutura, mas até às 14h não tinha sido atendido pelo médico ortopedista.
“Eles questionavam a internação do paciente, que estava só na base da Dipirona e Voltaren, desde que chegou do acidente, mas no plantão não tinha ortopedista e nós não temos culpa disso. Foi quando eu levantei o olhar, ai eles falaram que iam quebrar minha cara e quebraram", detalha a enfermeira, que é separada, mãe de quatro filhos e por isso resolveu não divulgar o próprio nome.
E.B. registrou Boletim de Ocorrência no Cisc Planalto e está de licença médica, com atestado para sete dias.
Internado no Pronto-Socorro, o paciente Diego dos Santos, 28, negou as agressões e afirmou que a esposa dele, Jaqueline Stefani, 28, se exaltou porque a enfermeira a teria irritado. Ele tem passagem policial. "Mas já paguei tudo na Justiça", garantiu.
Há 10 anos na profissão, a técnica de enfermagem revelou que nunca havia sido agredida antes e lamenta o fato de outros colegas que trabalham com seriedade já terem passado por isso. "Quem me conhece sabe da minha conduta. Quem trabalha comigo sabe que faço até o que está além das minhas forças, com toda essa precariedade que a gente vem enfrentando na saúde, mesmo assim sou muito tranquila", afirmou.
A profissional confirma que irá continuar trabalhando e superar. "Este é meu ganha pão e eu gosto do que faço", conclui.
Duas versões
De acordo com o diretor do Sindicato dos Profissionais da Enfermagem de Mato Grosso (Sinpen-MT), Arlindo Cesar Ferreira, a confusão teria se dado por conta da técnica de enfermagem ter supostamente manipulado medicamento errado ao paciente.
Arlindo expões que há duas versões sobre o fato. Uma seria a da técnica de enfermagem, “que alega ter sido agredida”, e a do paciente, “que afirma que ela lhe deu remédios errados e que por isso sua esposa teria se irritado com ela”.
O diretor disse que a técnica não procurou o Sinpen, mas diz que estará “à disposição para prestar qualquer apoio”, segundo arlino, “até mesmo jurídico”.
Protesto
Na manhã de segunda-feira, colegas de profissão protestaram em frente ao PS em apoio a técnica de enfermagem e para denunciar mais uma vez a situação insegurança na qual trabalham os servidores da saúde pública. Na oportunidade eles pediram mais investimentos na segurança do Pronto-Socorro.
Com Gazeta Digital