Opinião

NA COLA DA TOCHA

Foi aos 44 do segundo tempo. Quando já estava desistindo de dar tratos à bola, quase jogando a toalha e aceitando a possibilidade de que poderia vir a ser mais uma semana sem crônica.

Pela janela da imaginação já havia passado todos os estímulos usuais, em busca daquela isca milagrosa que viria na ponta da linha e serviria de desenho guia para as laudas. Depois afinadas e buriladas – um pouco.

Localização, quase a de sempre, sem o glamour da beira-mar. Meteorologia, ressaca de novo, com o tempo fechadão. Destino o computador, já mais pra tardão. Na TV depois de Miguel Reale, Janaína Paschoal esgrima com a minoríssima bancada do governo na comissão do Senado que desempenha seu papel no pedido de impeachment da presidente.

Podem reclamar empoderadoras, mas a voz dela é chata. Especialmente em caso de audição prolongada. Como está sendo o caso. “Vida política não é o mesmo que vida partidária”. É golpe ou não foi? Já era…

Argumentos, contra-argumentos, maré que sobe, mar que levanta. Nas ruas lojas fechadas, sinais da crise e a realidade encolhendo diante dos nossos olhos. Ou se agigantando, como a maré não planejada nem prevista no projeto da Ciclovia Darci Ribeiro?

Não sei não… Como moradora do Leme, frequentadora do Caminho dos Pescadores, sempre respeitei os ilimitados e quase imprevisíveis poderes do mar. Especialmente quando invade o paredão e subi o Morro do Leme acima.

Segue a ausência de assuntos interessantes para preencher narrativa. Falta de pagamento dos aposentados? Não. Alunos ocupando as escolas estaduais do Rio de Janeiro, suspensão das bolsas de pesquisa e tecnologia, o desastre da saúde pública… Não, não, não… Nada de novo no front. Tudo lamentável, mas previsível.

Talvez a passagem dos 100 dias na contagem regressiva das Olimpíadas aqui no Rio de Janeiro. A primeira coisa que me vem ao coração é tristeza por termos perdido uma chance única.

Não de fazermos um grande espetáculo, mas formarmos a base de muitas gerações de atletas. Olímpicos ou não. Esse trabalho deveria ter começado lá atrás, impulsionando e incentivando a formação de base. Em clubes associações e, principalmente, nas escolas.   Inês é morta e, sinceramente, não vejo chances de um grande desempenho esportivo do Brasil nos Jogos. Resta-nos a arte de bem receber, tão carioca.

Mas, para mim, o esporte está acima de tudo. Por isso, pretendo acompanhar bem de pertinho as emoções olímpicas.

Para tanto, hoje, no Twitter, quando vi uma postagem do Ministério do Turismo que dizia assim: “@MTurismo Dia 25/06 o #TourDaTocha passeia por nove cidades do MS, entre elas, Bonito, Dourados e Campo Grande.” Retuitei no perfil @no_rumo acrescentando uma nova hashtag: “#Rio Olympics2016”. Simples assim.

Puro amor, incentivo e a lembrança para lá de agradável que o passeio olímpico passará pela Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, e Louriza Boabaid Yule é uma das escolhidas para representar a sociedade chapadense no evento.

E aí, mais uma vez, brilha a velha máxima que não escolhi o jornalismo, foi ele que me escolheu. Para o bem e para o mal. No caso, não sei nem quero definir para qual dos lados….

Vejo no smartphone mais uma tuitada do @MTurismo. Ela diz:“@no_rumo Vamos ficar na cola da tocha 🙂 certo?”

Considerando as últimas notícias veiculadas na mídia sobre atividades no gabinete ministerial e adjacências, fiquei meio assim, sem saber o que responder. Preferi encerrar a crônica.

Valéria del Cueto

About Author

Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Ponta do Leme”, do SEM FIM... delcueto.wordpress.com

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