Foto Ahmad Jarrah
A Capital de Mato Grosso tem 25.929 eleitoras a mais do sexo feminino, e ainda sim não conseguiu eleger nenhuma vereadora. Isso significa que por quatro anos as mulheres não terão uma representante na Câmara dos Vereadores de Cuiabá. Atualmente, a Casa de Leis possui apenas uma vereadora, Lueci Ramos (PSDB), que não conseguiu ser reeleita.
Em todo o Estado também houve uma redução do número de prefeitas e vereadoras. Caindo de 18 para 15 o número de prefeitas, e 198 para 189 vereadoras em 2016.
A candidata a vereadora nas eleições de Cuiabá deste ano, Laura Abreu (PT), conquistou 775 votos e ficou na posição 389ª. Para ela, apesar de todas as conquistas femininas, a política machista, contudo acredita na resistência como forma de combate.
“As mulheres tem que ir para o enfrentamento independente da situação que a gente está passando. A gente tem que ir pro enfrentamento, tem que se colocar a disposição. Não vai ser fácil, não vai conseguir de primeira. Temos que persistir que uma hora a gente consegue”, declara.
Dos 415.100 eleitores, 220.412 são mulheres. Isso significa que 53% do total da população cuiabana, são mulheres. Laura abreu aponta que mesmo com a cota partidária, que obriga os partidos a lançarem ao menos 30% de mulheres candidatas, não garante o comprometimento das siglas com a causa feminina.
“Os partidos devem apoiar a candidatura das mulheres, não só por cota. Eu acho que o partido tem que se comprometer com isso, investir nas candidaturas de mulheres, ajudar e acreditar. Não é só pegar qualquer mulher e colocar na coligação para cumprir cota, isso é horrível também”, disse Abreu.
Apenas cinco mulheres ficaram entre os 100 primeiros mais votados para o cargo de vereador. A atual vereadora Lueci Ramos levou 3.566 votos, mas não o suficiente para se reeleger. Luciana Zamproni (PMB), ficou na 48ª posição, com 1.756 votos, Professora Débora (PP) em 50ª lugar, com 1.731 votos, Laura Silva (PV), na posição 93ª, com 791 votos e a enfermeira Ana Maria do Tijucal (PSDB), que ficou na 94ª posição, com 766 votos.
Laura Abreu é negra e ativista da causa, para ela, elas aponta que a mulher só ganhará voz quando lutar e enfrentar o machismo. “Eu sempre faço alusão a liberdade das mulheres com a abolição da escravatura no Brasil. Eu acho que se os negros não se impusessem, não fosse para o enfrentamento e exigisse seu espaço – sua liberdade – hoje, nós não seriamos livres, hoje nós não teríamos os nossos direitos”, afirma a candidata. Que completa que tanto na causa racial quanto na feminina, ainda há muito a se conquistar.