Mulheres indígenas de Mato Grosso tiveram papel de destaque na I Conferência Nacional de Mulheres Indígenas, realizada em Brasília como parte da IV Marcha de Mulheres Indígenas. O encontro reuniu delegações de todo o país e resultou em 49 propostas que buscam ampliar direitos e garantir políticas públicas voltadas à proteção dos territórios, à participação política e à valorização das práticas tradicionais de saúde.
Entre as principais demandas defendidas pelas mato-grossenses estiveram a demarcação das terras indígenas, a ampliação da presença das mulheres nos espaços de decisão e o fortalecimento das brigadas indígenas mistas para prevenção e combate a incêndios. As propostas foram discutidas em etapas preparatórias realizadas na Terra Indígena Japuíra (MT) e em Rio Branco (AC), antes de serem consolidadas em nível nacional.
A conferência também deu visibilidade a denúncias de violência obstétrica contra mulheres indígenas, tema que ganhou força entre delegações de diferentes estados. Outro ponto levantado pelas representantes de Mato Grosso foi a restrição ao acompanhamento de pajés, parteiras e especialistas tradicionais em hospitais. A plenária aprovou o reconhecimento oficial desses profissionais como parte integrante do sistema de saúde e a criação de casas de saúde com equipes interculturais.
Para a coordenadora do Departamento de Mulheres da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), Maria Anarrory Yudjá, o encontro fortaleceu a união e o protagonismo feminino indígena. Já o encerramento da conferência marcou a criação de um Grupo de Trabalho para consolidar as propostas e elaborar um ato normativo que institua a política nacional para mulheres indígenas. A participação das delegações de Mato Grosso teve apoio do projeto Berço das Águas, executado pela OPAN com patrocínio da Petrobras.