O ano de 2016 foi marcado pelo caos instalado na saúde de vários hospitais do Estado de Mato Grosso. Alguns exemplos se destacam dentre tantos, como é o caso polêmico de repasses ao Hospital de Câncer de Mato Grosso (HCan/MT), greves de médicos e enfermeiros em Hospitais Regionais, que também reclamavam sobre os repasses feitos pelo Governo do Estado às unidades de saúde.
O caos na Saúde Pública do Estado é tão sério, que até mesmo o governador Pedro Taques (PSDB), teria dito que a situação é “dramática”. “Na prática, a crise já me obriga a decidir quem morrerá no Estado”, disse Taques.
Em Cáceres (218 km de Cuiabá), em pleno mês de prevenção ao Câncer de mama, mais de 900 mulheres que possuem mais de 40 anos, aguardavam para realizar a mamografia, há mais de seis meses. A demanda pelo exame, de acordo com o secretário de saúde do município Roger Rodrigues, estaria se acumulando há quatro anos.
A informação foi levantada pela própria Secretaria de Saúde de Cáceres, para cobrar o Governo do Estado à inclusão de mais exames de mamografia para o Hospital Regional da cidade. Isto ocorre por que se trata de uma parceria entre estado e município, e os municípios devem fazer um levantamento da quantidade de exames necessários mensalmente.
Algumas mulheres fazem o exame quando completam os 40 anos, mas devido aos transtornos enfrentados no Sistema Único de Saúde (SUS) pela primeira vez, acabam protelando a realização do exame, até a consciência pesar. Exemplo disso é a dona Marleyde Luiza de Souza Santos, que resolveu fazer o exame oito anos após ter feito pela primeira vez.
“Eu demorei porque é difícil você conseguir fazer, aí você desanima. Mas eu fiz um check up recentemente e a médica me solicitou a mamografia. Dei entrada em agosto, mas eles disseram que ainda vai demorar uns oito meses, eu achei um absurdo”, disse Marleyde.
O secretário de saúde, Roger Rodrigues, explicou que será realizada uma reunião no mês de março, para que os municípios e Estado assinem a Programação Pactuada e Integrada (PPI), em que são contratados os números de procedimentos por município. O objetivo da secretaria, segundo Roger, é zerar essa demanda no ano de 2017, para começar a trabalhar com a demanda espontânea.
“Esse é um serviço contratualizado com o Estado. Todo mês de março os municípios se reúnem com o Estado para definir a quantidade de demanda a ser contratada. A gente está trabalhando para sanar o problema, que sempre existiu. Só que faltava um secretário com coragem para levantar os dados e saber qual é a real demanda”, disse.
Para o mastologista e cirurgião oncológico, Luiz Fernando, a não realização do exame pode impedir que a doença seja detectada, além de desenvolver outras doenças. “A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda que mulheres a partir dos 40 anos façam o exame anualmente. Quanto mais cedo é o diagnóstico, mais altas são as probabilidades de cura. Caso não sejam realizados os exames, pode ter uma alteração na mama, uma doença benigna ou até mesmo uma doença mais complexa”, pontuou o médico.