Abraçada à pequena Lara, de apenas dois anos, a psicóloga Vitória Bernardes abre um sorriso de realização. Com a chegada da menina, ela descobriu que superar limitações é possível. Tetraplégica após ser vítima de uma bala perdida aos 16 anos, quando estava em frente à casa da avó, Vitória engravidou com autorização dos médicos e hoje divide os cuidados da pequena com o marido.
"Nós namorávamos e falávamos no desejo dele ser pai. Eu não tinha certeza se eu daria conta. Porque todos olham para pessoas com deficiência como se tivessem que ser cuidadas, e não com a capacidade de cuidar. Acho que acabei de internalizando isso e, de certa forma, não me via capaz de exercer a maternidade", relembra ela.
Mas o anúncio da chegada de Lara mudou as perspectivas. Vitória tomou todos os cuidados necessários com a gravidez e se preparou para o futuro como mãe. "Queria que ela soubesse o quanto amo ela, o quanto ela é maravilhosa. Mesmo dentro da barriga, ela já estava fazendo de mim uma pessoa melhor. No dia da cesárea, eu não tive medo. Estava segura e serena".
Vitória convive com suas limitações. Não é possível, por exemplo, dar banho em Lara. Porém, ela encontrou outras tarefas que se tornaram parte de seu dia a dia como mãe. Entre outras tantas responsabilidades da maternidade, ajuda a escolher as roupas da pequena e encontrou uma maneira de ajeitar a colher para dar comida.
"Eu não mexo as mãos, não troco fraldas. Mas posso dar comida, posso engatar uma colher e dar comida. É legal, porque ela tem dois anos e come sozinha, mas quando ela está de 'dengo', ela pede e é uma delícia", aponta. "Eu não dou banho, mas pego a roupa. Uma coisa que me ajuda muito na autoestima e a me reconhecer como mãe é algo que ninguém pode fazer por mim, que é amamentar minha filha", comemora.
Fonte: G1