Cidades

Mulher que teve os olhos perfurados pelo ex se emociona ao depor em GO

 
O depoimento da vítima durou cerca de uma hora e dez minutos. Ela contou que o ex-marido tinha muito ciúme e a impedia de ficar na companhia da família. “Eu tinha cabelo enorme, na cintura, e ele cortou com uma faca”, relatou. Ela acrescenta que o acusado não reagiu bem à separação.
“Quando eu quis me separar dele, ele não entendia que eu não tinha outro homem. Ele me dizia que um homem bater em uma mulher não era motivo para não gostar mais”.
 
Mara Rúbia disse em seu depoimento que tentou se afastar do ex-marido, mas ele a perseguia. “Para fugir dele, ano retrasado fui para o Maranhão. Me escondi na fazenda da minha tia. Ele descobriu que eu estava lá. Fiquei sabendo que ele foi atrás de mim, então, eu vim para Goiânia”.
 
Na tentativa de fugir de Wilson Bicudo, ela afirma que se isolou e precisou se mudar várias vezes. “Eu não trabalhava, não dormia, não comia, não tomava banho, não falava com ninguém. Estava em depressão. Perdi vários empregos, mudei para vários lugares e tive vários endereços”, disse.
 
Após o depoimento da vítima, outras testemunhas no caso, como a tia dela, Maria Francisca Mori, e o irmão, Mário Lázaro, também responderam às perguntas da promotoria. A sessão é presidida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara. Está previsto ainda o depoimento do acusado, o ex-marido da vítima, Wilson Bicudo.
 
Ameaça
A defesa da vítima afirma que às vésperas da sessão, Mara Rúbia e a irmã foram ameaçadas. De acordo com a advogada Darlene Liberato, um desconhecido procurou as duas e chegou a esmurrar o balcão de um comércio ao perceber que a Polícia Militar havia sido acionada.
 
“Mara estava dormindo dentro de casa e, quando sua irmã chegou, na tarde de ontem [quarta-feira, 5], um homem apareceu perguntando por elas. Assustada, a irmã se fez de desentendida e disse que iria fazer uma ligação para tentar localizá-la. Ela seguiu para uma mercearia de um colega, próxima à casa, e pediu para que a polícia fosse acionada. Nesse momento, o suspeito a seguiu,  entrou no local e deu um murro no balcão, fugindo em seguida”, contou Darlene, em entrevista ao G1.
 
Segundo a advogada, o homem estava em uma motocicleta e a irmã de Mara Rúbia conseguiu anotar a placa. “Quando a PM chegou, ela passou as informações. Quando eles consultaram, viram que se tratava de uma moto com placas clonadas”, relatou.
 
Ao ter ciência dos fatos, Darlene informou sobre o ocorrido ao juiz Jesseir Coelho de Alcântara.
Procurado pelo G1, um dos advogados de defesa de Wilson Bicudo, Antônio Vilmar Fleury Fernandes, disse desconhecer a suposta ameaça. “Ele está preso e a acusação não tem fundamento. A família dele também é humilde e ninguém quer impedir que ele pague pelo crime que cometeu, apenas garantir que seja aplicado o que determina a lei”, afirmou.
 
Segundo Fernandes, a defesa não realizou manobras para tentar adiar a audiência. “Temos ética e jamais vamos impedir o andamento legal do processo. Cabe ressaltar que qualquer pessoa tem direito a defesa e a um julgamento justo. O que a acusação quer é polemizar ainda mais o caso”, disse o advogado.
 
De acordo com o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), após receber a petição sobre o ocorrido, o juiz determinou o envio de uma cópia do documento para a Polícia Civil, para apuração do caso.
 
Tentativa de homicídio
O agressor foi denunciado pelo Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) por tentativa de homicídio triplamente qualificado. A decisão sobre o crime pelo qual ele iria responder foi definido no dia 20 de novembro pelo procurador-geral de Justiça de Goiás, Lauro Machado Nogueira, após um impasse jurídico que paralisou o processo.
 
O inquérito foi concluído em outubro deste ano e indiciou o agressor por tentativa de homicídio triplamente qualificada. Mas o promotor de Justiça João Teles Neto discordou do relatório policial. Para ele, o crime não foi uma tentativa de homicídio, mas, sim, um caso de lesão corporal grave. Com a decisão, teve início uma discussão sobre qual crime o acusado responderia.
 
Com a mudança na tipificação do crime, o processo seguiu para uma nova vara. Por isso, o juiz Jesseir Coelho, que tinha decretado a prisão do suspeito, teve de revogar o pedido no dia 13 de novembro, mesmo não concordando com o posicionamento do promotor. O juiz, então, devolveu o caso para a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) para manifestação. No mesmo dia, a Justiça aceitou um novo pedido do MP-GO e decretou uma nova prisão preventiva para o acusado, que não chegou a ser solto.
 
O processo foi, então, encaminhado ao Juizado da Violência Doméstica Familiar contra a Mulher, que discordou mais uma vez da tese de lesão corporal e entendeu que o caso se trata de uma tentativa de homicídio. Com isso, Lauro Machado seguiu a mesma decisão e destacou que ficou evidente nos depoimentos que Bicudo tinha a pretensão de matar a vítima.
 
O crime
Mara Rúbia foi agredida pelo ex-marido no dia 29 de agosto deste ano, logo após chegar em casa para o almoço. Segundo a denúncia, a vítima relatou que foi surpreendida por Bicudo já no interior da residência, quando foi torturada e imobilizada. Em seguida, teve os dois olhos perfurados com uma faca. Desde que foi ferida, ela já passou por uma operação no olho esquerdo e duas no olho direito.
 
Após 21 dias foragido, ele se entregou à Polícia Civil. Segundo a delegada responsável pelo caso, Ana Elisa Gomes, Wilson confessou ter cometido o crime depois que a vítima se recusou a reatar o casamento.
 
Segundo familiares, o casal se separou há dois anos. Desde então, a mulher, que morava em Corumbá de Goiás, se mudou para a capital. Esta não foi a primeira vez que o homem agrediu a ex-mulher, que tentou por quatro vezes denunciar o agressor, mas não obteve ajuda.
 
Globo.com

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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