A Polícia Judiciária Civil concluiu as investigações do sequestro do bebê de 1 mês e 15 dias, ocorrido na cidade de Várzea Grande, no dia 26 de setembro. A criança foi resgatada no início da noite do mesmo dia e presas duas mulheres envolvidas no roubo da criança levada dos braços da mãe, quando ela descia de um ônibus.
O inquérito será encaminhado ao Fórum de Várzea Grande, nesta segunda-feira (06.10), pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, da Criança e do Idoso, com indiciamento das suspeitas Neuza de Arruda, 38, e Renata Silva, 28, pelo crime de sequestro qualificado, em razão da idade da vítima.
Também será enviada cópia do procedimento a Delegacia Especializada do Adolescente (Dea), de Várzea Grande, para responsabilização da adolescente F.A, 15 anos, filha de Neuza Arruda, que ao contrário do que foi apurado inicialmente, participou sim da roubo da recém-nascida. A menor poderá responderá ato infracional análogo ao mesmo crime praticado pela mãe.
Na quinta-feira (02.10) passada, a delegada Daniela Silveira Maidel, interrogou novamente as duas suspeitas e descobriu que Neuza de Arruda não estava gestante no curso do último mês de gravidez, conforme alegou no primeiro interrogatório, desmentindo também que esteve no Pronto-Socorro Municipal de Várzea Grande, onde disse ter conhecido uma mulher com nome de "Maria Padilha", que não existe.
O nome foi inventado para encobrir a participação da filha menor de idade. Foi a adolescente que tomou a criança dos braços da vítima, enquanto sua mãe abordava a mulher com filha no colo.
A delegada também confirmou que o bebê foi sequestrado em razão do marido de Neuza, que está preso por tráfico de drogas, acreditar que a companheira estava grávida e seu sonho era ter uma filha. "Apuramos que Neuza estava com um homem e que a família dele era contra o relacionamento por ela ser mais velha e não conseguir mais engravidar", disse a delegada. "Neuza estaria dizendo que estava gestante, mas não temos nenhum exame que comprove essa gravidez e que teria sido atendida no Pronto-Socorro Municipal", completou Maidel.
Segundo a acusada, o bebê foi escolhido aleatoriamente. "Elas foram para o terminal André Maggi e ficaram observando até que apareceu a mãe com o bebê. Então seguiram a mãe com a criança. Neuza no ônibus e Renata e a menor no carro. Elas não conheciam os pais e a ideia era cuidar da criança. Também não ficou configurado que essa criança seria usada para sacrifício ou outra coisa", finalizou a delegada.
As duas mulheres continuam presas na penitenciária feminina, Ana Maria do Couto May, em Cuiabá.
O sequestro
O bebê foi levado dos braços da mãe, Juliene Aparecida das Neves, 30 anos, quando ela descia de um ônibus, próximo a sua casa, no bairro São Francisco, em Várzea Grande. Em depoimento, a mãe contou que tinha levado a criança no posto de saúde para atendimento médico e ao retornar tomou um ônibus da empresa União Transporte, linha Serra Dourada. Ela contou que, ao desembarcar do ônibus, foi abordada por trás por uma mulher, que encostou um objeto em suas costas, aparentando ser uma arma, anunciando se tratar de um roubo e que queria a criança.
A suspeita ainda teria ameaçado de morte a mãe, que sem saída entregou a criança a uma segunda pessoa, que se aproximou. Conforme as investigações, a pessoa trata-se da filha de Neuza, que ao pegar a bebê correu junto com mãe (Neuza) para o carro, Peugeot 206, prata, onde estava Renata no volante.
O veículo pertence ao marido de Renata, que prestou depoimento na Delegacia da Mulher, e confirmou-se de que ele nada sabia sobre o participação de sua mulher no sequestro da criança.
Na ocasião, a 1ª Delegacia de Polícia, de Várzea Grande, em conjunto com a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), foram acionados e passaram a efetuar diversas diligências para identificação do carro e com apoio de imagens obtidas de comércios pelo GCCO e difundidas nas redes sociais, instituições policiais, e na imprensa, uma denúncia foi feita no Centro Integrado de Operações de Segurança (CIOSP).
A denúncia levou a localização do bairro, onde o carro estava escondido em uma casa. O resgate da criança foi feito pela Polícia Militar, que recebeu o chamado do CIOSP, e uma equipe policial que estava nas proximidades chegou rapidamente até a casa, no bairro Jardim Paula I, que pertence a suspeita Neuza, e encontrou a menina recém-nascida com o cabelo cortado para dificultar sua identificação.
O delegado Sylvio do Vale Ferreira Junior, que participou das investigações iniciais, informou que houve um esforço conjunto da 1ª DP e do GCCO para encontrar a menina de apenas 45 dias de vida. Conforme o delegado Sylvio os policiais refizeram o trajeto do ônibus e recolheram imagens de comércios que levaram a identificação do carro usado para levar a criança.
Assessoria