A empresária Ana Cláudia Flor, acusada de mandar matar o marido dela Toni Flor, em 2020, foi condenada a 18 anos de prisão. O júri popular começou na manhã dessa segunda-feira (17), em Cuiabá. A mulher vai responder por homicídio qualificado.
O Plenário do Tribunal do Júri foi presidida pela juíza Mônica Perri, da 1ª Vara Criminal da capital.
Julgamento
Em depoimento no júri, Ana Cláudia disse que não teve relacionamentos extraconjugais e que o casal brigava muito porque Toni tinha ciúmes.
"Eu tive uma briga muito feia com o Toni e ele foi dormir em um hotel. Quando eu estava dormindo, ele entrou na janela, tirou uma foto de mim dormindo e me mandou. Ele já fez isso outras vezes", disse.
Segundo Ana Cláudia, para encomendar a morte, ela recebeu uma ligação de Igor Espinosa, o responsável por atirar no empresário, e contou o motivo.
"Ele perguntou o motivo e falou que ia ver. Falei para ele que era agressão física, violência doméstica. Dois dias depois ele me ligou e disse que seria R$ 60 mil", disse.
A mulher disse que não tinha esse valor e que já estava se reconciliando com Toni. Em depoimento, ela contou que não deu a ordem de matar o empresário e que ela só soube que o autor foi o Igor, depois que ele ligou para cobrar o pagamento.
"Eu paguei em novembro, mediante ameaça. Dei R$ 30 mil em novembro e R$ 30 mil em fevereiro de 2021. Eu fiz um empréstimo para pagar o restante porque não teria condições de pagar. O Igor me procurou só um mês depois do assassinato ", disse.
Além disso, Ana Cláudia relatou em depoimento momentos que foi ameaçada e agredida por Toni.
Relembre o caso
O empresário, de 37 anos, foi assassinado a tiros no dia 11 de agosto, quando chegava em uma academia do Bairro Santa Marta, na capital. Durante as investigações, a mulher dele confessou ter pago R$ 60 mil para que os atiradores o matassem.
Segundo a polícia, o interesse na herança da vítima e a tentativa de esconder outros relacionamentos teriam motivado o crime, cometido por três homens. A defesa da ré informou ao g1 que, a princípio, tentará a diminuição da pena.
A mãe de Toni, posteriormente, impetrou ação na Justiça pedindo que a acusada fosse declarada indigna de receber a herança deixada pelo marido, não podendo, portanto, vender quaisquer bens que estivessem arrolados no inventário judicial.
O casal estava junto há 15 anos e tinham três filhas.
Ana Flor está presa na Penitenciária Feminina “Ana Maria do Couto May”, na capital, desde 19 de agosto do ano passado, durante a Operação Capciosa, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O atirador foi preso antes, no dia 11 do mesmo mês. Enquanto a mulher que ajudou Ana a planejar a execução, no dia 27 de agosto.
O crime
O atirador abordou o empresário em frente ao estabelecimento. De cabeça baixa, perguntou pelo nome dele e, ao responder, Toni foi baleado.
Ele correu para dentro da academia, onde foi socorrido e, depois, levado para o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), onde morreu dois dias depois.
A arma do crime foi jogada no Lago do Manso.
Depoimentos
À polícia, o homem que efetuou os cinco disparos contra Toni confessou que Ana Cláudia negociou R$ 20 mil com cada criminoso pelo assassinato.
Durante o depoimento de Ana Cláudia, algumas perguntas feitas por ela causaram estranheza à polícia, como o questionamento sobre imagens do local do crime e se apenas a confissão do atirador poderia condenar alguém.
Em 2019, Ana registrou um boletim de ocorrência onde afirmou que foi agredida por Toni, após ele flagrar uma conversa dele com outro homem por um aplicativo de mensagens.
A Polícia Civil informou, no avanço do inquérito, que apurava a ligação dos supostos amantes com o assassinato de Toni.
Defesa
O advogado que representa Ana Cláudia, Jorge Henrique Franco Godoy, informou ao g1, por telefone, que a defesa pretende, a princípio, diminuir a pena, retirando os agravantes aos quais responde e, segundo ele, tentar até a absolvição.
“Vamos mostrar para o júri que ela sofria na mão do marido e que era vítima de agressões e vive em uma sociedade machista”, disse.