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Mulher passa por 14 fertilizações e 3 abortos para ser mãe

Não foi fácil para a assistente social Jaiza Rodrigues, de 40 anos, tornar-se mãe. O caminho para maternidade durou longos 14 anos, tempo de casada, com 14 fertilizações in vitro, três abortos, muitas expectativas frustradas, choros, tristeza e uma determinação quase inabalável de ter um filho.
“Cheguei a aparar um embrião na minha mão, após um aborto. Foi horrível, sofri muito. Depois de tantas tentativas, eu fraquejava, pensava em desistir, mas sempre falo que no fim do túnel tinha uma luz dizendo que eu um dia seria mãe. Hoje tenho o Pedro Heitor, que é uma criança muito, muito amada por todos”, disse Jaiza que comemora pela segunda vez o Dia das Mães neste domingo (10).

O engenheiro elétrico e empresário Benedito Gomes Filho, esposo de Jaiza, foi uma peça fundamental nessa delicada engrenagem que moveu o casal por tantos anos. “Eu sempre acreditei, achei que tínhamos condições de sermos pais e dizia para não pararmos de tentar. Sempre quis ser pai e hoje é um sonho realizado”.

Tudo começou 15 anos atrás, quando o casal trocou alianças e desde então tiveram disposição de ter um filho. Nunca usaram nenhum tipo de método contraceptivo e alguns meses depois começaram a notar que poderia haver algum problema, já que Jaiza nunca havia engravidado.

“Não sabíamos das dificuldades que iríamos ter. Com o passar de meses e anos, a gente percebeu que não estávamos conseguindo engravidar naturalmente. A gente foi buscando alternativas, nunca achando que seria tão difícil. Procuramos especialistas, cheguei a ir a Fortaleza e São Paulo. Quando nos consultamos com o doutor André Luiz, ele nos aconselhou a realizar uma fertilização in vitro”, afirmou.

Segundo André Luis, que é ginecologista e especialista em reprodução humana, como Jaiza já havia tentado métodos mais simples, o ideal era mesmo a fertilização. O profissional destacou a determinação de sua paciente, pela disposição em realizar as seguidas tentativas. “Tenho gosto especial com relação ao caso da Jaiza, já que foi a minha paciente que mais vezes tentou. Eu sempre disse que ela conseguiria. Fico feliz por ela ter conseguido o seu sonho e por ter acreditado no nosso trabalho”, disse.

A fertilização in vitro ficou muito conhecida como “bebê de proveta”. O procedimento consiste na coleta dos gametas (célula reprodutora masculina e feminina) para que a fecundação seja feita em laboratório. Depois disso, os embriões são transferidos de volta para o útero materno.

Jaiza passou por 14 fertilizações em 14 anos. Em 2010 ficou grávida por pouco menos de um mês, foi quando teve a traumática experiência do aborto em casa. “Estava deitada em casa, comecei a sangrar e corri para o banheiro. Eu aparei o embrião na minha mão. Foi horrível”. Em 2012, mais uma gravidez que durou pouco menos de um mês. Por fim, em 2013, a assistente social ficou grávida de gêmeos. Era alegria pelo sucesso da fertilização e medo pelo fantasma das experiências frustradas.

“Em 2013, quando foram feitas as transferências dos embriões, eu tava bem relaxada. Vingaram dois, mas com cerca de dois meses, houve um deslocamento de placenta e eu perdi um dos meus bebês. Foi o momento mais difícil, porque eu já tinha a experiência anterior do aborto. A tensão foi grande, eu chorava com medo de perder o meu outro filho, mas sempre confiando em Deus, porque se você não tiver fé, não consegue superar um momento assim”, disse.

Foram tempos difíceis, já que os seis primeiros meses da gravidez foram passados em cima de uma cama. Passado o terceiro e último aborto, veio a bonança e a dádiva de uma gestação tranquila, mas cercada de cuidados. “Por conta do meu histórico, o doutor André não queria que eu baixasse a vigilância. Foi uma gestação tranquila, mas tensa porque eu ficava todo o tempo com medo de perder o meu filho. Em seis meses, só saí de casa para ir ao médico. Depois desse tempo, mais confiante, comecei a sair para comprar o meu enxoval”.

Em 12 de outubro de 2013 nasce Pedro Heitor com 47 centímetros e 2.815 kg. O choro do bebê foi festejado pelo choro de felicidade dos pais. “Foi uma cesárea tranquila, um momento único. Quando escutei o choro dele, comecei a chorar porque não acreditava. O pai dele acompanhou o parto e também chorava. Desde então foi só alegria e felicidade por essa criança linda e maravilhosa que é o meu filho”.

“Faria tudo de novo”
A fertilização in vitro é um procedimento caro e realizado apenas no sistema de saúde privado. Jaiza e Benedito gastaram uma pequena fortuna durante as 14 tentativas. Segundo o casal, cada fertilização custou em média R$ 5 mil, isso sem contar toda a estrutura de acompanhamento da assistente social, que envolvia terapia com um psicólogo, acupuntura, viagens para consultas e ainda outros gastos.

Para tanto, realizavam economias, abriam mão de viajar, jantar em restaurantes e outras mordomias. O casal garante que valeu a pena. “A gente abdicava de muita coisa, não viajava e fazíamos muitas economias para justamente alcançarmos o nosso objetivo de ser mãe, de ser pai. Muitas pessoas diziam que a gente não aproveitava a vida, mas só nos sabíamos como era passar por isso. Tudo isso por um sonho maior”, conta a mãe de Pedro.

“Hoje sou muito feliz, tenho uma família feliz. Nem me lembro pelo o que passei, de tudo que sofri, que chorei. Faria tudo de novo”, disse com um sorriso no rosto.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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