Opinião

Mulher Kurã-Bakairi pelas mãos de Paty Wolff

Em Cuiabá, no histórico bairro Porto, e-n-c-o-n-t-r-o-s caracterizam o espaço do Sesc Arsenal. O Sesc tem me agraciado com achegamentos inesquecíveis que vêm se consolidando dia-a-dia. Penso em Nice Aretê, que amassava o barro diante aos visitantes durante a inauguração do Sesc Casa do Artesão, logo após sua transferência do casarão do Porto para a Avenida Tenente Coronel Duarte (hoje acoplado ao Sesc Arsenal). Daquele dia em diante, a ceramista partilha entre nós as tantas histórias de suas criações. Nos encontraremos em brevíssimo tempo com Minhocão, que nos espera na boca do Pari para representá-lo.

Despois de um sábado de 2018 no Sesc Arsenal, encontrei Paty Wolff nas Letras dos Trezentos, evento de autoria da Biblioteca Estadual Estevão de Mendonça, Instituto Federal de Mato Grosso e Academia Mato-grossense de Letras. Dessa vez, a moça ostentava seu ventre conquistado por alguém próximo a chegar. A exibir um sorriso que se expandia por todo rosto, maior ainda do que quando a conhecemos.

Pelas mãos de Nice chegamos às mãos de Paty. Encantados estávamos eu e Edu com sua “Kurâ-Bakairi”, arte em tinta acrílica aguada sob papel canson. A imagem da mulher-índia ostenta uma ave no topo da cabeça, lugar de absorção, exteriorização e administração de energias. Lugar de “sintonia com pensamentos mais sutis como o de fraternidade generalizada”. Em perfil cobre-se com formas em tons inscritos em seu rosto. Uma vegetação em folhas em combinação de cores diversas num todo, veste seu corpo, do pescoço para baixo.

Aos olhos de Edu, ali estava a cabocla Jurema, quem tanto estudou Luís da Câmara Cascudo, o grande historiador da Jurema. No livro “Dicionário do Folclore Brasileiro”, demonstrou, entre tantas informações, experiências juremeiras. Jurema dá nome a vegetais que se fazem presentes em rituais indígenas, festa da Jurema ou do Ajucá, por exemplo, se pensarmos nos povos indígenas do Nordeste. Jurema também é empregada para perfumar ambiente, quando procede sua queima, a fim de afastar malefícios de pessoas, casas e até objetos, e atrair boa sorte aos usuários.

 

Defuma com as ervas da Jurema

Defuma com as ervas da Jurema

Defuma com Arruda e Guiné

Alecrim, Benjoim e Alfazema

Para defumar filhos de fé.

Defuma…

 

A imagem em acrílica aguada “Kurâ-Bakairi” de Paty Wolff representa uma indígena dessa etnia, habitante de terras mato-grossenses. A imagem também nos oferta a preciosa oportunidade de lê-la em uma imagem-livre, com vontade de outros olhares.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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