Uma socióloga de 31 anos afirma ter sido agredida durante um evento conhecido como ‘Leilão dos Bixos’, realizado durante uma festa organizada por alunos do curso de estatística da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), na segunda-feira (2), na República Dauhma. De acordo com a mulher, que integra um grupo feminista e que preferiu não se identificar, ela estava registrava o evento com uma máquina fotográfica, no bairro Vila Marina, quando foi surpreendida pelos agressores.
A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) informou que vai investigar o caso. A assessoria de imprensa da UFSCar informou que não recebeu nenhum denuncia sobre o 'Leilão dos Bixos' e que por isso não vai comentar o assunto.O G1 procurou representantes da república, mas não encontrou ninguém para falar sobre a denúncia de agressão.
A mulher foi até a festa após receber informações de que as calouras do curso estavam sendo obrigadas a se expor em situações constrangedoras de conotação sexual. "Fiquei intrigada com a descrição da festa em que as pessoas 'seriam vendidas', seriam dados lances. Era um crime o que eles estavam fazendo e fui averiguar para que se fosse o caso denunciar", contou.
No vídeo gravado pela socióloga, uma a menina de 17 anos é leiloada por um dos alunos do curso de estatística. Alguns estudantes pedem que ela tire a roupa. No entanto, aparentemente constrangida, ela tira apenas um dos sapatos. Em seguida, o rapaz pergunta quanto ela vale.
Enquanto registrava as cenas, a socióloga afirmou que foi flagrada pelos demais participantes da festa e acabou sendo agredida. Os estudantes também teriam tentado retirar a máquina fotográfica da vítima."Como já tinha gravado mais que o suficiente, decidi ir embora, mas o organizador da festa gritou: 'Pega ela e não deixa ela sair'. Nisso um rapaz que estava perto de mim me pegou pelos braços, o outro puxou minha bolsa", relembrou.
Ferimentos
A vítima afirma que parte dos ferimentos em seu braço se deu pela tentativa de fugir dos estudantes que a cercavam. Por conta disso, ela relatou que foi obrigada a saltar de uma escada de cerca de dois metros de altura. "A violência foi tão forte que arrebentou a minha bolsa, fui jogada na parede e mesmo com eles me puxando, me agredindo, me arrastei e quando sai na porta tive que pular porque não tinha como chegar na escada", disse.
A socióloga contou ainda que ao escapar pediu ajuda em uma base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ela registrou um boletim de ocorrência na DDM ao mostrar os hematomas e arranhões pelo corpo.
De acordo com a delegada Denise Gobbi Szakal, o caso será investigado. "A vítima registrou a ocorrência no Plantão Policial e o caso será encaminhado para que a DDM investigue e colha os depoimentos. Até o momento, a mulher não se apresentou para contar sua versão dos fatos, mas será ouvida por conta da agressão. Também devemos ouvir os outros envolvidos, suspeitos de terem cometido a agressão", explicou.
A UFSCar informou que recebe denúncias na ouvidoria pelo e-mail ouvidoria@ufscar.br ou pelo telefone (16) 3306-6571.
Fonte: G1