Esportes

MT alcança margem de 100 fisiculturistas por competição

Conhecido por ser um esporte de extrema resistência e equilíbrio emocional, o fisiculturismo, em Mato Grosso, tem ganhado cada vez mais adeptos. Já são cerca de 100 competidores que se preparam diariamente em busca de evoluir para conquistar o Campeonato Mundial, considerado o melhor em termos de premiação e qualidade.

A competição acontece uma vez por ano e seleciona apenas 34 competidores a nível internacional, entre homens e mulheres – desses são eleitos “os melhores do mundo”. Os dados são da Federação Mato-grossense de Fisiculturismo, Musculação e Fitness (IFBBMT), que apesar das “mazelas” enfrentadas no Estado tem buscado divulgar ao máximo a atividade.

Todavia, “especialistas” afirmam que o esporte não é pra qualquer um e que executá-lo de forma perfeccionista exige muito mais controle psicológico do que a própria musculação. No próximo dia 30 é comemorado o Dia do Fisiculturista e para relembrar a data os dirigentes estaduais já estão com uma nova competição, que acontecerá no dia 18 de outubro na cidade de Nova Mutum (238 km distante de Cuiabá).

Para quem não conhece, o fisiculturismo ou culturismo é um esporte cujo objetivo é buscar, por meio da musculação e de uma alimentação correta, a melhor formação muscular possível. Nos campeonatos, os atletas se apresentam de forma coletiva ou individual, e a partir da comparação os juízes chegam à conclusão dos melhores desempenhos.

Os atletas são divididos em categorias, conforme o peso ou a altura (no caso das mulheres), e precisam apresentar poses predefinidas e compulsórias, a partir das quais se analisam aspectos como volume muscular, definição corporal e simetria – proporcionalidade dos músculos.

FEDERAÇÃO AMPARA ATLETAS

O presidente da IFBBMT, Kissinger Alencastro, fala sobre a criação da entidade, que a exemplo de outras não recebe auxílio do governo do Estado para sobreviver e frisa que a paixão falou mais alto pelo esporte.

“E eu nunca corri atrás do Estado, acho melhor fazer tudo por conta própria, porque se for pra pedir R$ 10 mil é como se eu estivesse pedindo R$ 1 milhão. Prefiro eu mesmo fazer, corro atrás dos meus trâmites, de patrocínios, lojas, empresas privadas, indústrias que acabam ajudando a gente. E aí conseguimos realizar o evento e conseguir e manter a federação”, relata.

Kissinger conta que a federação foi criada em 1992, pelo professor Joás Dias, e que não era regularizada por causa da burocracia. A crise econômica também alcançou os “colecionadores de perfeição” e colocou em risco o cancelamento de vários eventos federais, decorrente da quebra de contrato.

“Nós temos um grupo de presidentes de federações e lá a gente falou sobre isso, perdemos muitos contratos com as indústrias por causa da crise. E mesmo com as quebras de contratos a gente não para, só diminui os eventos”, frisou.

Apesar das dificuldades financeiras e até de reconhecimento nacional, o presidente destaca que Mato Grosso já conseguiu alcançar uma margem de aproximadamente 100 competidores assíduos do quadro de profissionais.

“Não tem muitos benefícios porque nós não somos uma federação rica, nem temos muitos atletas. Quando eu comecei a fazer os eventos, eram somente 12 atletas no palco para um público de 100 pessoas. Hoje eu tenho em torno de 80 a 95 competidores e público de 1.500 pessoas”, conta.

Para competir é necessário ser filiado à federação, conforme prevê o estatuto do esporte e, além disso, o interessado deve se atentar para o prazo. “O atleta pode ficar durante o ano inteiro, quando ele quiser. Porém, a filiação é válida de 1° de janeiro a 31 de dezembro. Vale para o ano”, disse Kissinger.

Segundo o dirigente da instituição, “existem três tipos de categorias: Junior, Sênior e Master. Júnior abaixo de 23 anos, Sênior acima de 23 anos e Master acima de 40. A que reúne mais atletas é a Sênior”, finaliza.

Atletas deixam o medo de lado

Rafael Bordini da Silva, de 29 anos, morador de Cuiabá, é formado em Educação Física pela Universidade de Cuiabá. Há 11 anos o personal se dedica a uma vida balanceada entre dietas e ritmo de treinos pesados. Ele conta que para se chegar ao ápice da realização é preciso acreditar no próprio potencial, de forma a deixar agir dentro do tempo e da sua capacidade.

Rafael Bordini da Silva, atleta (Foto: Arquivo Pessoal)

“Desde 18 anos eu pratico o esporte. Estou há 11 anos na modalidade e comecei vendo personagens, pessoas do Brasil mesmo. E aí procurei uma academia, fui treinando e gostando e comecei a ir atrás, fazendo faculdade e logo depois eu já conheci o meu treinador. E as coisas foram acontecendo meio que naturalmente, sem precisar eu ficar correndo atrás desesperado”, disse à reportagem.

Rafael relata que tem uma rotina controlada, entre aulas, refeições e demais atividades. Nesse meio tempo, ele costuma se alimentar seis vezes ao dia, mesmo que no momento não está visando nenhuma competição.

Atualmente, Rafael está entre os melhores atletas da categoria no Estado e já competiu pela Sênior que permite até 80 kg. O medalhista em vários campeonatos estaduais orienta a quem futuramente deseja participar.

“Eu oriento a todos que desejam participar das competições que procurem se alimentar o mais natural possível, evitar enlatados e conservantes, dar prioridade a comidas saudáveis e alimentos mais naturais. E procurar um bom profissional, tanto um professor de Educação Física quanto um nutricionista, médicos se tiver a necessidade”, pontua.

Já Fabíola Salles, de 36 anos, também da capital, é um das poucas atletas no mercado estadual. Apesar de não ter formação ligada à área, ela representa uma pequena parcela do público feminino que pratica a modalidade.

“Minha formação acadêmica é na área de Administração de Empresas e sempre me interessei por esportes de uma forma geral, já pratiquei um pouco de tudo nesse meio, participando até de uns campeonatos por aí também”, informou.

Em sua história, Fabíola diz que conheceu o esporte por meio do seu instrutor de academia, Cristóvão Santiago. “Eu pouco conhecia, até que comecei a conhecer mais através do meu treinador e atleta Cristóvão Santiago e das atletas que eu acompanhava e já competiam. Então eu me encantei, pois nunca tinha passado pela minha cabeça um dia competir, ou ser uma atleta fisiculturista, na categoria Bikinifitness, a categoria com que mais me identifiquei”, relata.

Em relação ao preconceito, ao machismo, a fisiculturista afirmou nunca ter passado por isso e que nos locais de treinos sempre foi muito bem recebida.

“Nunca sofri preconceito, machismo, pelo contrário, sempre fui muito bem recebida em todos os lugares, até porque quando comecei em 2014 as categorias para as mulheres já eram bem femininas. De lá pra cá, nos campeonatos em que eu participei entre 2014 e 2016, foram sete campeonatos, três títulos estaduais e três nacionais entre primeiro e segundo lugar”.

“Ser fisiculturista é mergulhar em outro mundo”

Cristóvão Santiago Pinheiro da Silva, 45 anos, maior medalhista e campeão do Estado, com 14 títulos, entre estadual, nacional e internacional, contou ao Circuito Mato Grosso uma parte da sua trajetória, baseada em esforço, estilo e “Cultura da Humanidade”.

“Eu comecei a treinar em academia no ano de 1994 e na época eu precisava porque era atleta e professor de judô e o que chamou atenção foi que em pouco tempo eu consegui desenvolver mais rápido do que as pessoas que já estavam lá. E a partir daí fui visando competir”, sobre o início na modalidade.

Anos mais tarde, Cristóvão se mudou da capital e foi buscar cursar medicina na Bolívia. “Fui pra estudar odontologia, e como o primeiro ano é válido para fazer medicina eu acabei trocando de curso. Então do ano de 97 até pouquinho da metade de 2001 eu estive na Bolívia. Então esse aí foi um divisor de águas”.

De lá pra cá, o fisiculturista conta que passou a ser muito procurado devido ao volume de massa que adquiriu pela dedicação ao esporte tido por ele como “impecável”.

“Quando eu vim de lá, muita gente foi me procurar porque eu fui pra lá pesando 77 kg em fevereiro e em dezembro de 1997 eu voltei pesando 100 kg. Então isso daí era uma coisa muito difícil aqui de saber como fazer, como era possível. Como eu não ia dar continuidade ao curso de medicina, eu comecei a dar aula em academia e as pessoas começaram a me procurar, mas isso já foi em 2001”, destacou.

Uma das referências estaduais, Cristóvão explica que é como sair do mundo normal e mergulhar em outro recinto totalmente restrito. “É como se você entrasse em outro mundo, você sai do mundo normal e entra em outro. Fisiculturista é outro estilo de vida, pelo menos os que se destacam são assim, tanto é que os profissionais ficam o máximo de tempo com a família por causa disso”, diz.

Além do mais, Cristóvão critica a falta de auxílio, tendo em vista que já chegou a desistir de competições em decorrência dos investimentos que são muito caros. “Eu me lembro que teve um ano em que eu saí ganhando tudo e só não cheguei a ir para o Mundial por falta de recurso, o investimento é muito alto pra quem vai competir. O único apoio vem dos amigos, por isso que fala amador por causa do amor ao esporte”.

De 2007 até 2014, Cristóvão já participou de campeonatos como: Brasileiro (2007), em Brasília (DF), Sul-Americano (2008), na Inglaterra (Estados Unidos), Sul-Americano (2009), no Rio de Janeiro, o Mundial, que foi realizado no Qatar (Emirados Árabes) e o Arnold Classic (Reino Unido).

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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