O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) pediu a prisão preventiva de Valdete Xavier de Faria, bem como sua inclusão na Difusão Vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). O homem é acusado de matar o próprio primo a tiros motivado por uma dívida de terra. Também foi solicitada a comunicação às autoridades competentes para a adoção das medidas necessárias para extraditar o réu, que possivelmente se encontra nos Estados Unidos.
A medida tem como objetivo garantir a presença do acusado na sessão de julgamento pelo Tribunal do Júri, designada para o próximo dia 11 de junho de 2025.
Conhecido como “Coelho”, Valdete foi denunciado em 2013 pelo homicídio qualificado de Geraldo Xavier de Faria, ocorrido no município de Alto Boa Vista (1.059 km de Cuiabá). De acordo com o processo, Valdete e Luzirene Ribeiro Miranda Yaman – companheira do acusado – teriam executado a vítima com um disparo de arma de fogo. O crime foi praticado por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. Os réus foram pronunciados em maio de 2018.
“A ausência do acusado compromete gravemente a realização da sessão plenária designada para 11/06/2025, além de dificultar sobremaneira a eventual execução da pena, caso sobrevenha condenação pelo Conselho de Sentença, circunstância que impõe a adoção de medidas efetivas para garantir a concretização da prestação jurisdicional, preservando a credibilidade do sistema de justiça criminal”, argumentou o promotor de Justiça substituto Thiago Matheus Tortelli na manifestação.
Para o MPMT, a fuga do acusado para o exterior com o objetivo de evitar o julgamento reforça a necessidade da prisão preventiva como única medida capaz de assegurar a aplicação da lei penal e resguardar a efetividade da jurisdição criminal.
Relembre
De acordo com a Polícia Civil, o crime aconteceu na residência de Geraldo, em um assentamento rural na cidade de Alto Boa Vista. O suspeito era primo e amigo íntimo da vítima, que preparou um churrasco em sua casa para receber o acusado e a esposa. Ao chegar ao local, os suspeitos se mostraram diferentes e iniciaram uma breve discussão. Em seguida efetuou um disparo de arma de fogo contra a vítima, que não teve oportunidade de defesa.
O disparo atravessou a coxa direita de Geraldo, que tentou fugir, mas caiu a aproximadamente 50 metros do local, morrendo poucos minutos depois. Durante a ação do marido, a esposa segurava o filho de 12 anos da vítima, para impedir que ele defendesse o pai. De acordo com as investigações da Polícia Civil, o crime foi motivado por dívidas que a vítima tinha com o casal, relativa a uma propriedade rural na reserva indígena Suiá Missú, desocupada no final de 2012.
A vítima teria intermediado a venda de uma propriedade rural do casal dentro da reserva indígena, mas com a desocupação da área, o comprador não pagou parte do valor acertado. Desde então o acusado estaria ameaçando o primo de morte, exigindo o pagamento do restante do valor acertado no negócio.
Com o conhecimento dos fatos, o delegado de Alto Boa Vista, Rogério da Silva Ferreira, traçou as possíveis rotas de fuga do casal e a distância que eles poderiam ter percorrido até o momento e acionou as polícias Civil e Militar das cidades vizinhas, passando dados dos suspeitos, como veículo utilizado, nomes e características físicas.
O casal foi preso na cidade de Ribeirão Cascalheira, em posse da arma utilizada no crime. Os acusados foram encaminhados a Delegacia de Alto Boa Vista e autuados em flagrante. Eles tiveram pedido de prisão preventiva representado pelo delegado Rogério da Silva Ferreira.