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Na tarde desta terça-feira (09) o ex-deputado José Geraldo Riva (PSD) não conseguiu responder como pagou os empréstimos feitos ao dono de uma factoring, Júnior Mendonça. Ambos estão respondendo por um esquema que teria desviado R$ 62 milhões dos cobres públicos. Os questionamentos foram feitos pelo Ministério Publico Estadual e pela Juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma de Arruda.
No interrogatório que coloca Riva como o ‘cabeça’ do esquema de desvio de verbas, o ex-parlamentar disse que não declarou em seu imposto de renda cerca de R$ 5 milhões em empréstimos feitos a Júnior Mendonça. Ele também não quis precisar detalhadamente sobre os empréstimos e em alguns momentos disse que havia pegado R$ 2 mi, R$ 1 mi e R$ 500 mil.
Pressionado pelo MPE José Riva disse que não declarou os valores, pois temia que seus bens fossem sequestrados pela Justiça. Riva chegou a questionar ‘que brasileiro que não faz isso?’, em relação a sua declaração do imposto de renda. Contudo o representante do MPE, não aceitou a alegação e disse que se o ex-deputado tivesse como comprovar a origem do dinheiro não seria necessário tentar esconder isso da Receita Federal. Em sua defesa, Riva explicou que Mendonça não aceitava que os empréstimos fossem declarados oficialmente.
O MPE também questionou onde estariam os comprovantes de pagamentos, que provariam que Riva houvesse pago os empréstimos com seu próprio dinheiro e não com com a verba desviada da AL. O acusado disse que não saberia informar já que sua casa e seu gabinete haviam sido alvos de várias devassas do Gaeco.
Após um pequeno bate-boca e notadamente nervoso, Riva disse ao representante do MPE que eles não teriam como comprovar que o dinheiro pago a Junior Mendonça seria proveniente de repasses feitos por Edemar Adams (seu braço-direito na AL). O promotor discordou da informação e disse que tem como comprovar – a ligação entre os repasses fraudulentos em licitações pré-determinadas e superfaturamentos como o pagamento dos empréstimos.
“Se o senhor tem outra fonte de renda [que não os desvios de verba da AL] lícita, porque não declarou em seu imposto de renda? O que o senhor tinha a esconder da Receita Federal? O senhor não tem como comprovar que pagou com seus rendimentos, nem mesmo um TED (Transferência Eletrônica Disponível), uma nota promissória?”, ironizou a promotoria.
Entenda
José Riva é investigado por desvios de verbas da Assembleia Legislativa, pela operação que ficou conhecida com Imperador. A ação do Gaeco (Grupo especial contra o crime organizado) culminou na prisão preventiva do ex-parlamentar no último dia 21 de fevereiro.
O MPE questionou na última oitiva da Justiça Estadual, como o deputado conseguiu pagar empréstimos vultosos feitos a uma factoring, na ordem de R$ 5 milhões. Esse seria um dos indícios de que o ex-presidente da AL gastaria o dinheiro dos desvios, em benefício próprio. Já que com seu bens declarados era incompatível a movimentações nesse nível de valores.
Riva em sua defesa disse que possui várias propriedades, fazendas e que tem negócios em vendas de madeiras. Essa renda, segundo o ex-deputado, conseguiria bancar as movimentações feitas com Junior Mendonça.