A promotora de Justiça de Direitos Humanos e Inclusão Social do Ministério Público do Estado de São Paulo, Paula de Figueiredo Silva, vai ouvir na tarde desta quarta-feira (19) o vice-presidente da comissão da congregação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) que investiga as denúncias de abusos e violência sexual praticada contra alunas mulheres, negros e homossexuais dentro da faculdade.
O professor Milton Arruda Martins substituiu o antigo presidente da comissão, o médico Paulo Salviba, que pediu afastamento do cargo de professor titular por não concordar com a demora da faculdade em se posicionar contra as denúncias de alunos do curso de medicina sobre casos de estupros em festas da faculdade.
A comissão preparou um relatório sobre os casos que será apresentado à congregação da faculdade na próxima semana. O relatório aponta também denúncias de abusos de álcool e drogas e intolerância racial, sexual e religiosa.Ela instaurou em setembro um inquérito civil para apurar as denúncias. Segundo o inquérito, oito casos de estupros foram relatados desde 2011. A promotora apura também quais ações a direção da faculdade está tomando para evitar esta prática.tuando na área de direitos humanos, a promotora não trata de inquéritos criminais, mas pretende reforçar ações para mudar a cultura que existe nas universidades.
FMUSP suspende festas
A FMUSP anunciou que vai criar um centro de direitos humanos para dar assistência jurídica e psicológica para apoiar alunos do curso que se sentirem "vítimas de qualquer tipo de violação" como agressões sexuais, machismo, racismo e homofobia.A instituição também decidiu suspender "todas as festas nas dependências" do campus onde fica a unidade, nas Clínicas, Zona Oeste de São Paulo. A notícia fez com que o Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (Caoc) anunciasse o cancelamento de uma tradicional festa no campus, realizada em conjunto com entidades estudantes de outros cursos.
Segundo o comunicado divulgado pelo Caoc, a portaria afirma que a sessão extraordinária da Congregação da FMUSP deve decidir a regulamentação dos eventos sociais e festas realizados pelas entidades estudantis no campus.A suspensão das festas foi anunciada uma semana depois que,em audiência pública na Assembleia Legislativa, duas alunas da medicina denunciaram casos de violência sexual cometidos no campus. No mesmo dia, Paula de Figueiredo Silva, promotora de Justiça de Direitos Humanos e Inclusão Social do Ministério Público do Estado de São Paulo, afirmou que abriu um inquérito para apurar se houve omissão por parte da faculdade em conduzir a investigação das denúncias. De acordo com o inquérito, "relatou-se a ocorrência de 8 (oito) estupros nos últimos anos".
O G1 tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da FMUSP para comentar a suspensão das festas, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.De acordo com o comunicado do Caoc, a Quarta Insana, festa tradicional realizada pelo centro acadêmico da medicina em conjunto com associações atléticas de nutrição, saúde pública, enfermagem, fisioterapia e terapia ocupacional, foi cancelada, e o dinheiro dos estudantes que já haviam comprado ingresso seriam devolvidos.
G1