O Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) denunciou o vereador de Cuiabá, Marcos Paccola (Republicanos) que atirou e matou o agente de segurança socioeducativo, no Bairro Quilombo, por homicídio qualificado. Conforme o MP, o crime foi cometido mediante utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
A reportagem tenta localizar a defesa do vereador.
A morte do agente ocorreu na Rua Presidente Arthur Bernardes, em Cuiabá. O vereador responsável pelos disparos afirmou que passava pelo local e foi informado que Alexandre Miyagawa, de 41 anos, também conhecido pelos amigos como ‘Japa’, estava armado ameaçando a companheira dele.
Os promotores de Justiça disseram que as análises do laudo pericial e dos depoimentos de testemunhas confrontados às imagens de câmeras existentes no local demonstram que “em nenhum momento a vítima agrediu ou ofendeu quem quer que lá estivesse e não apontou sua arma de fogo na direção de ninguém, sendo alvejada pelas costas pela ação do denunciado”.
Segundo o MP, os três disparos efetuados pelo vereador nas costas da vítima impossibilitaram qualquer chance de defesa.
"No afã de projetar sua imagem como sendo de alguém que elimina a vida de supostos malfeitores e revela coragem e destemor no combate a supostos agressores de mulheres”, diz trecho da denúncia.
O MP ainda cita que após o crime, Paccola veiculou mídias sobre seu suposto ato de heroísmo, além de discursar, no Câmara dos Vereadores, exaltando seu feito e desprestigiando a figura da vítima.
Entenda o caso
O crime aconteceu no dia 1º de julho. As imagens mostram quando o carro que era dirigido pela namorada de Miyagawa para no meio da rua e a porta do carona é aberta, interrompendo o trânsito. Na sequência, o veículo estaciona à direita. Alguns segundos depois, a condutora caminha pela calçada em direção à conveniência.
Cerca de três minutos depois, o agente penitenciário se aproxima da namorada, levanta o braço e toca o pescoço da mulher, que empurra o braço dele, afastando-o. Ela se esquiva de outra tentativa de contato dele.
A confusão continua e, cerca de um minuto depois, a vítima segura um objeto na mão direita e as pessoas se afastam. Logo depois, ele levanta a mão direita para o alto e uma mulher que estava ao lado dele se afasta. Em seguida, ele abaixa a mão e caminha em direção ao carro. Paccola aparece na esquina, mira e atira três vezes.
Um dos disparos não causou ferimentos graves na vítima, segundo a perícia. Mas outros dois deixaram lesões nos pulmões, diafragma, fígado, átrio e pericárdio, levando à perda de muito sangue, conforme o documento.
Os peritos concluíram que a morte foi provocada por “choque hipovolêmico hemorrágico, secundário a trauma torácico por projéteis de arma de fogo”.
O inquérito foi protocolado no Tribunal de Justiça do Estado (TJ-MT) e encaminhado ao Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo).
Em um de seus depoimentos, Paccola disse que agiu rapidamente porque percebeu que um homem armado andava atrás de uma mulher e teria uma possível briga.