Candidato oficial do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para assumir o comando da Casa legislativa, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) conseguiu reunir apoio de 12 partidos. Essas legendas garantem a Motta pelo menos 374 votos na eleição para a presidência da Câmara, número mais do que suficiente para vencer em primeiro turno da votação que ocorrerá em fevereiro de 2025.
Na terça, 5, mais quatro legendas anunciaram adesão à candidatura do deputado paraibano: o PSB, o PDT e a federação formada por PSDB e Cidadania. Na semana passada, Motta também recebeu o endosso de PL, PT, MDB, PP, Podemos, PCdoB e PV, além de seu próprio partido, o Republicanos.
Por enquanto, o PSD decidiu manter a candidatura de Antonio Brito (BA), mas sinalizou pela primeira vez que ele pode deixar a disputa. Em reunião da bancada, ontem, os parlamentares da sigla resolveram abrir diálogo com Motta. O objetivo do PSD é articular cargos para a legenda na próxima gestão. A decisão do PSD de iniciar as negociações com Motta foi tomada no dia em que o líder do Republicanos conquistou apoio de partidos que antes sinalizavam apoio a Elmar Nascimento (União-BA).
“A posição da bancada foi manter a candidatura. Fiz uma ponderação à bancada e coloquei que, se nós dialogarmos com o presidente Arthur Lira e com o candidato Hugo Motta a fim de manter as proporcionalidades que o PSD tem mantido na Casa, nós voltaremos à bancada para dialogar se a bancada deseja continuar com a manutenção da candidatura ou se há algum tipo de mudança”, declarou Brito.
Cooperação
O líder do PSD havia feito um acordo com Elmar para enfrentar o candidato de Lira, mas o deputado do União Brasil indicou na semana passada que desistiria da disputa e seu partido abriu diálogo com Motta. A mudança de cenário ocorreu após o líder do Republicanos consolidar sua candidatura ao atrair as duas maiores bancadas da Casa: o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A candidatura de Brito é avalizada pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, que saiu fortalecido da eleição municipal após seu partido conquistar o maior número de prefeituras. Deputados dizem, contudo, que dar a Kassab influência sobre a presidência da Câmara seria fortalecer demais o líder político.
O anúncio do PSB ocorreu na sede da sigla em Brasília, com a presença do prefeito do Recife (PE), João Campos, do líder da legenda na Câmara, Gervásio Maia (PB), e da deputada Tabata Amaral (PSB-SP).
O PSB havia indicado apoio a Elmar em razão de alianças nas eleições municipais. O União Brasil endossou a reeleição de João Campos no Recife e a candidatura de Duarte Jr. (PSB) à prefeitura de São Luís (MA) – o primeiro ganhou e o segundo acabou perdendo.
Gervásio Maia é próximo a Motta e defendia desde setembro o embarque do partido na candidatura do líder do Republicanos. João Campos, por outro lado, queria manter o acerto com Elmar. A avaliação agora é de que não há mais motivos para continuar com o nome do União Brasil.
Aclamação
“Não tenho nenhuma dúvida de que vai ser uma eleição de quase aclamação, de construção política e fortalecimento do Parlamento”, declarou João Campos, ao anunciar o apoio a Motta.
De acordo com o líder do PDT na Câmara, Afonso Motta (RS), a desistência de Elmar já foi comunicada à bancada. O anúncio do embarque na candidatura de Motta contou com a presença do ministro da Previdência, Carlos Lupi, integrante do partido, e do líder da Maioria na Câmara, André Figueiredo (CE).
No anúncio da federação PSDB-Cidadania, participaram o líder tucano na Casa, Adolfo Viana (BA), o líder do Cidadania, Alex Manente (SP), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) e o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL). Adolfo disse que a bancada conversou antes com Elmar e que Motta reúne as melhores condições para presidir a Câmara.
O líder do União Brasil, que chegou a ser considerado o favorito de Lira, não anunciou publicamente que se retirou da eleição, mas seu partido já iniciou tratativas com o Republicanos. Em aceno a Elmar, Lira deu ao deputado baiano a relatoria de um projeto de lei complementar com novas regras para o uso das emendas parlamentares.
O União Brasil fez uma série de pedidos a Motta para apoiá-lo e deve ficar com a relatoria da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, que tramitará ano que vem. O PT levará a relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026. Dos cargos na Mesa Diretora, já está definido que a 1.ª vice-presidência ficará com o PL. O União Brasil pediu a 2.ª vice. O PT ficará com a 1.ª secretaria. Os petistas também querem ocupar uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU).