Um mosaico sobre lajes de travertino, retratando um tema erótico da era romana, foi devolvido ao parque arqueológico de Pompeia na terça-feira passada, dia 15, após ter sido roubado por um capitão alemão nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
A obra de arte foi repatriada da Alemanha por meio de canais diplomáticos, em ação organizada pelo Consulado Italiano na cidade alemã de Stuttgart após o mosaico ter sido devolvido pelos herdeiros do último proprietário, um cidadão alemão já falecido.
O proprietário havia recebido o mosaico como presente de um capitão da Wehrmacht, designado para a cadeia de suprimentos militar na Itália durante a guerra. O mosaico, datado entre o meio do último século A.C. e o primeiro século, é considerado uma obra de “extraordinário interesse cultural”, disseram os especialistas.
“É o momento em que o tema do amor doméstico se torna um assunto artístico”, disse Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia e coautor de um ensaio dedicado à obra devolvida. “Enquanto o período helenístico, do quarto ao primeiro século A.C., exaltava a paixão de figuras mitológicas e heroicas, agora vemos um novo tema.”
Os herdeiros do último proprietário do mosaico na Alemanha entraram em contato com a unidade dos Carabinieri [polícia] em Roma que é dedicada à proteção do patrimônio cultural, encarregada da investigação, pedindo informações sobre como devolver o mosaico ao estado italiano. As autoridades realizaram as verificações necessárias para estabelecer sua autenticidade e procedência, e depois trabalharam para repatriar o mosaico em setembro de 2023.
A colaboração com o Parque Arqueológico de Pompeia também foi fundamental, pois tornou possível rastreá-lo até perto do vulcão Vesúvio, apesar da escassez de dados sobre o contexto original de sua descoberta, disseram os Carabinieri.
O painel foi então atribuído ao Parque Arqueológico de Pompeia onde, devidamente catalogado, será protegido e disponível para fins educacionais e de pesquisa.
“A devolução é como curar uma ferida aberta”, disse Zuchtriegel, acrescentando que o mosaico permite reconstruir a história daquele período, o primeiro século D.C., antes de Pompeia ser destruída pela erupção do Vesúvio em 79 D.C.
O diretor do parque também destacou como a devolução da obra pelos herdeiros de seu proprietário sinaliza uma importante mudança de “mentalidade”, já que “o sentido de posse (de arte roubada) torna-se um fardo pesado.”
“Vemos isso frequentemente nas muitas cartas que recebemos de pessoas que podem ter roubado apenas uma pedra, para levar para casa um pedaço de Pompeia”, disse Zuchtriegel.
Ele lembrou a chamada “maldição de Pompeia”, que, de acordo com uma superstição popular, atinge quem rouba artefatos em Pompeia. A lenda, conhecida mundialmente, sugere que aqueles que roubam achados da antiga cidade de Pompeia enfrentarão má sorte ou infortúnio. Isso foi alimentado ao longo dos anos por vários turistas que devolveram itens roubados, alegando que os mesmos trouxeram-lhes má sorte e causaram eventos trágicos.
*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em: https://www.estadao.com.br/link/estadao-define-politica-de-uso-de-ferramentas-de-inteligencia-artificial-por-seus-jornalistas-veja/