Ministério do Trabalho esquece Arena da Amazônia em acordo de horas extras
Após sofrer um acidente enquanto trabalhava na desmontagem de um guindaste em um terreno vizinho à Arena da Amazônia, o técnico português Antônio José Pita Martins, 55, morreu na tarde desta sexta-feira, 7. A informação foi confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas.
Uma equipe de três auditores fiscais da Superintendência Regional do Ministério do Trabalho no Amazonas passou a tarde no local do acidente para preparar um relatório sobre o caso. A análise do acidente deve ser finalizada em uma semana, segundo o órgão.
O procurador Jorsinei Dourado do Nascimento, do MPT (Ministério Público do Trabalho), visitou a arena com uma equipe da Polícia Civil que vai apurar as causas do acidente e reclamou de modificações na cena do acidente.
"Verificamos que a cena onde ocorreu o acidente estava sendo alterada pela empresa. A escada onde o trabalhador estava foi retirada de local, por exemplo. Além disso, foi jogada areia sobre os vestígios de sangue no chão", disse Nascimento. O MPT informou que aguarda o relatório policial para definir quais medidas judiciais serão adotadas.
Martins é o sétimo trabalhador que morre em um canteiro de obras de um estádio da Copa – e o quarto caso ocorrido em Manaus.
Em 11 de junho de 2012, o ajudante de carpinteiro José Afonso de Oliveira Rodrigues, 21 anos, caiu de uma laje no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Em 27 de novembro de 2013, dois trabalhadores morreram após a queda do guindaste que levantava uma peça da cobertura do estádio corintiano: o operador de guindaste Fábio Luiz Pereira, de 42 anos, e o montador Ronaldo Oliveira dos Santos, de 44.
O primeiro óbito em Manaus aconteceu em 28 de março de 2013, quando o corpo do pedreiro Raimundo Nonato Lima Costa, de 49 anos, foi encontrado por trabalhadores do turno noturno da obra. Segundo testemunhas, Costa caiu enquanto caminhava sobre uma viga a 4 metros de altura.
Outros dois acidentes aconteceram no Amazonas em 14 de dezembro. Marcleudo de Melo Ferreira, 22 anos, que trabalhava na instalação dos refletores do estádio no turno da madrugada também sofreu uma queda e morreu. Horas depois, o operário José Antônio da Silva Nascimento, de 49 anos, que trabalhava no serviço de limpeza e terraplanagem, teve um infarto enquanto trabalhava.
O acidente mais recente aconteceu por volta das 8h desta sexta (10h no horário de Brasília). Segundo testemunhas, Antônio José Pita Martins estava trabalhando no terreno do Sambódromo de Manaus, ao lado da nova arena, quando uma peça de metal caiu sobre sua cabeça. Ele foi socorrido na obra e, na sequência, encaminhado para um hospital.
O equipamento que estava sendo desmontado não era utilizado desde 11 de janeiro, de acordo com a construtora Andrade Gutierrez, responsável pela construção da arena manaura. Martins trabalhava para a Martifer, empresa contratada para fazer as estruturas metálicas da fachada e da cobertura.
O trabalhador estava internado no Hospital João Lúcio, em Manaus, onde passou por cirurgia. Ele teve traumatismo cranioencefálico grave e múltiplas lesões no tórax. Após os primeiros exames, médicos constataram que ele sofreu hematoma subdural, um acúmulo de sangue provocado pelo rompimento de vasos sanguíneos entre o crânio e o cérebro.
Como aconteceu em um terreno vizinho à arena. o acidente não causou a paralisação das obras, segundo a UGP Copa (Unidade Gestora do Projeto Copa). O incidente, porém, fez o governador Omar Aziz (PSD) cancelar uma visita que faria ao local na manhã desta sexta.
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