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Morre Silvio Tendler, o ‘cineasta dos sonhos interrompidos’, aos 75 anos

Morreu aos 75 anos nesta sexta-feira, 5, o cineasta Silvio Tendler. O documentarista enfrentava uma neuropatia diabética e foi vítima de uma infecção generalizada. A informação foi confirmada pela sua produtora, Caliban Produções Cinematográficas, no Instagram.

“Hoje, a Caliban se despede de seu fundador, o documentarista, utopista e admirador da vida, Silvio Tendler. Ele partiu aos 75 anos, após 57 de dedicação ao cinema nacional. Silvio deixa uma filha, um neto, mais de cem obras, incontáveis amigos, centenas de ex-alunos, uma legião de fãs e a semente da justiça social plantada em todos nós.”

Nascido em 1950, Silvio foi um documentarista, professor e historiador brasileiro conhecido como “o cineasta dos sonhos interrompidos”. Iniciou sua trajetória no cinema ainda jovem, em meados da década de 1960, e em 1968 assumiu como presidente da Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro. Desde então, destacou-se sobretudo por seus filmes biográficos focados em personalidades relevantes da política e da história brasileira. Produziu e dirigiu mais de uma centena de obras entre curtas, médias, longas-metragens e séries.

No início da carreira, Silvio atuou como assistente de direção de Paulo Alberto de Barros e realizou seu primeiro filme, sobre a Revolta da Chibata, sob sua tutela. Em 1969 iniciou o curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), mas acabou se exilando no Chile em 1970, onde passou a se dedicar integralmente ao cinema.

Dois anos depois, mudou-se para Paris, onde seguiu desenvolvendo seus trabalhos com grupos ligados ao audiovisual e se especializou em cinema documental.

Silvio retornou ao Brasil em 1976, e começou a produção de seu primeiro filme, Os Anos JK – Uma Trajetória Política, lançado em 1980. Começou a lecionar Cinema e História na PUC Rio e seguiu dedicando-se ao cinema documental.

Nos anos seguintes, lançou mais dois títulos até hoje entre os mais populares dos documentários brasileiros, O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981) e Jango (1984), sobre a trajetória política de João Belchior Marques Goulart; como não encontrou parceiros que topassem a empreitada em plena ditadura militar, criou a sua produtora, Caliban Produções Cinematográficas, especialmente para o lançamento de biografias de cunho histórico e social.

Em 1986, contribuiu para a Fundação do Novo Cinema Latino-americano, Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano e do Comitê de Cineastas da América Latina.

Tendler seguiu trabalhando pelo cinema documental brasileiro ao longo das últimas décadas, tendo lançado documentários sobre a bacia do Rio Doce, o poeta Castro Alves, Glauber Rocha, Carlos Marighella, Milton Santos, Oswaldo Cruz e Tancredo Neves. Foi Secretário de Cultura e Esporte do Distrito Federal entre 1995 e 1996, e recebeu a Medalha JK do Ministério da Cultura em 2003. Também foi condecorado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro e pela Assembleia Legislativa.

Ao todo, recebeu mais de 60 medalhas, prêmios e condecorações ao longo da carreira e possui as três maiores bilheterias do documentário brasileiro: Os anos JK – Uma Trajetória Política, O Mundo Mágico dos Trapalhões e Jango. Seu acervo particular de imagens, usado em suas pesquisas, possui mais de 80 mil títulos sobre a história do Brasil e do mundo.

Silvio deixa uma filha, Ana Rosa Tendler, um neto e a esposa, Fabiana Versasi. O velório ocorre no domingo, dia 7, às 11h, no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro.

Estadão Conteudo

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