Eleuterio foi um dos responsáveis pela criação e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir da chamada medicina social, abordagem dos problemas médico-sanitários através das ciências-sociais.
Nascido em Campinas, interior de São Paulo, em 21 de julho de 1946, Eleuterio iniciou sua militância na Universidade de Brasília (UnB), onde graduou-se em medicina aos 24 anos, em 1970. Em 1972 decidiu largar a residência em Clínica Médica na UnB para cursar mestrado em Medicina Preventiva na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), onde teve contato com a abordagem dos problemas médico-sanitários da chamada medicina social.
Iniciou sua carreira como docente na Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1975, admitido por concurso público interno. Um ano antes, Eleutério havia ingressado no Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (NUTES), da UFRJ, onde estava sendo implantado o Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional em Saúde (CLATES), em cooperação com a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS).
De 1975 à 1995, quando começou a sentir os primeiros efeitos da doença de Pick, ainda não diagnosticada, Eleuterio realizou consultorias para a OPAS em Washington, D.C., EUA, PAHO/HQ, Genebra, Argentina, Colômbia, Equador, Honduras, Costa Rica, México, Chile, Bolívia, Peru, Brasília, Quebec/Canadá e Rio de Janeiro.
De 1980 a 1982 foi Coordenador de Planejamento e Estudos da Secretaria de Serviços Médicos até 1982, onde se destacou na formulação do “Plano de Reorientação de Assistência à Saúde Previdenciária”, elaborado pelo Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP).
Como gestor público contribuiu para a criação e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), pensado desde o movimento pela Reforma Sanitária, nascido da luta contra a ditadura militar a partir da metade da década de 1980. O tema central do movimento consolidado na 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, era Saúde e Democracia, de onde resultou a emenda popular de que a saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado, hoje garantido na Constituição Federal.
A lista de atividades ao longo de sua vida profissional é ainda mais extensa, tendo atuado também como Diretor do Departamento de Planejamento, onde estruturou as Ações Integradas de Saúde (AIS), na Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), do qual foi presidente e vice-presidente. Em 1990 deixou a UFRJ para dar aula na UnB, nesse mesmo ano foi admitido por concurso como assessor legislativo da Câmara dos Deputados.
Segundo sua esposa, Lucia Ypiranga (71), Eleuterio passou a sentir os efeitos mais fortes da doença nos últimos dez anos, de lá para cá foi obrigado a se afastar das atividades acadêmicas e políticas. O mal de Pick é neuro-degenerativo atacando a região fronto-temporal do cérebro causando incapacidade cognitiva irreversível.
Nos últimos dois meses o médico foi internado na UTI do Hospital São Luiz onde permaneceu até a manhã desta segunda-feira, deixando um casal de filhos, dois netos, além, é claro, de contribuições sem precedentes na história da saúde pública brasileira.
Com informações da 1ª EXPOGEST-MS
Fonte: GGN