O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal ouça os advogados Paulo Amador da Cunha Bueno, que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na ação da trama golpista, e Fábio Wajngarten, que assessorou o ex-presidente, para que esclareçam se tentar entrar em contato com o tenente-coronel Mauro Cid durante seu processo de delação. Os depoimentos devem ocorrer em até cinco dias.
Eles serão ouvidos no inquérito aberto para investigar se outro advogado, o criminalista Eduardo Kuntz, que representa o coronel Marcelo Câmara, tentou obter indevidamente dados da delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Eduardo Kuntz entregou ao STF mensagens que afirma ter trocado com Mauro Cid por meio de um perfil no Instagram em nome de “Gabriela” (@gabrielar702). Com base nos diálogos, o advogado pediu a anulação do acordo de colaboração do tenente-coronel.
Ao se defender no STF, em uma tentativa de manter incólume sua delação, Mauro Cid alegou que sua família foi procurada não apenas por Eduardo Kuntz, mas também por Paulo Amador da Cunha Bueno e por Fábio Wajngarten.
As tentativas de contato teriam sido por meio da esposa, da mãe e até da filha menor de idade em eventos na Hípica de São Paulo, segundo a defesa do tenente-coronel.
Ao determinar os depoimentos, Moraes afirmou que as “condutas narradas à autoridade policial indicam a prática, em tese, do delito de obstrução de investigação”.