O motivo da visita dos Integrantes do Instituto Chico Mendes seria a implantação de uma Reserva Extrativista de 200 mil hectares. A proposta iniciou-se na monografia de um estudante da UFMT que na oportunidade reivindicou 35 mil hectares, mas o tamanho da área agora é maior. O processo está em andamento e pode ser homologado a qualquer momento.
Caso seja efetivada a homologação reivindicada pelo Instituto os 110 mil hectares, 50% das terras de Luciara ficarão comprometidas, inviabilizando economicamente o município.
Luciara conta atualmente com oito unidades de Conservação Municipal, e enfrenta dois processos de demarcação, que podem inviabilizar a cidade. “Nós estamos preocupados, a nossa cidade já é pequena, a economia é restrita e ainda querem criar mais reserva, e nós vamos fazer o que?”, indagou o Prefeito de Luciara Fausto Azambuja que acompanha toda a movimentação na cidade.
A reserva Extrativista ou Reserva de Desenvolvimento sustentável (RDS), é onde a área seria utilizada apenas para a agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. A RDS deve ocupar cerca de 110 mil hectares e sua implantação é eminente, deixando a população da cidade polvorosa, pois a homologação dependeria exclusivamente do parecer do Instituto Chico Mendes que visitou o local no final de 2012 e teria agendado uma visita para este sábado (21).
“Não somos contrário a criação de uma Reserva Extrativista, queremos apenas que o projeto se limite a área tradicionalmente ocupada pelos retireiros, já que o aumento da reserva significa a expulsão dos produtores”, afirmou o Prefeito.
Tentando a qualquer custa evitar a visita dos membros do Instituto, produtores, moradores e políticos da cidade fecharam todos as entradas da cidade, no aeroporto foram colocadas diversas maquinas impedindo que qualquer avião decole ou desça em Luciara, a beira do rio também está cercada e as estradas também estão bloqueadas. “Ninguém entra e ninguém sai de Luciara, não vamos permitir essa visita”, disse um dos moradores ao Agência da Notícia.
Nesta sexta-feira (19), um dos favoráveis a criação da Reserva Rubem Taverny Sales popularmente conhecido como Rubão teve um retiro queimado. De acordo com Rubão, o retiro foi queimado por pessoas contrárias a criação da reserva, ele disse que estaria inclusive sofrendo ameaças. De acordo com a Associação dos Retireiros do Araguaia, 94 famílias vivem na área.
Em entrevista ao Agência da Notícia agora pela manhã, ele confirmou que o clima na cidade é bastante tenso, porém adiantou que não concorda com manifestações agressivas. "Sou favoravel a fazer um protesto pacífico, somos contra a criação da Reserva da forma como está, assim como somos contra a qualquer tipo de violência", disse o Prefeito Fausto Azambuja.
Entenda o que significa Retireiros:
A identidade retireira remonta aos primeiros ocupantes não-indígenas da região do vale do Araguaia. Estes criavam o gado solto nas pastagens naturais do cerrado e varjões da região, numa dinâmica de agroextrativismo do capim nativo. A prática tradicional adequada às características ecológicas e sociais locais tem evoluído e se mantido em algumas comunidades do vale do Araguaia e é muito presente no município de Luciara, o mais antigo povoado da região. O gado é criado de forma extensiva em terras comunais com pouca alteração da paisagem natural. Há ainda o espaço do retiro, local de moradia e manejo do gado, organizado individualmente ou em grupo. Nos retiros são construídas as casas, piquetes para manejo de gado, currais e cisternas. Os retiros se constituem numa forma de regime de propriedade privada, enquanto que a grande matriz de cerrado – incluindo os varjões, lagos, rios, matas não inundáveis e toda a paisagem – está submetida a um regime de propriedade comum entre os retireiros.
Fonte: Agência da Notícia