Agora, uma estátua da Liberdade corre risco de desaparecer da paisagem local. Trata-se, claro, de uma réplica. É verde, brilha, tem 35 metros de altura (a original tem 93 m) e pode ser vista da rodovia Marechal Rondon. Recentemente, foi alvo de um abaixo-assinado pela sua retirada. Os críticos dizem que ela pode ser confundida como um novo símbolo da cidade.
O monumento foi instalado pela Havan, recém-chegada loja de departamentos que utiliza a estátua como logomarca em frente às suas unidades em várias cidades. O abaixo-assinado contra a presença da estátua teve cerca de mil assinaturas.
"Quando me deparei com aquela réplica gigantesca, na minha opinião de mau gosto, descaracterizando e chamando toda a atenção na entrada da cidade, senti um certo constrangimento", diz o advogado Fabio Galazzo, 29, que iniciou o abaixo-assinado. "É um símbolo que a gente questiona. Veja o que é a liberdade nos Estados Unidos e o que o [Barack] Obama está fazendo", diz o historiador Henrique Perazzi de Aquino, do Conselho Municipal de Educação, referindo-se aos escândalos de espionagem digital.
Em vez da estátua da Liberdade, Aquino propôs que se erga outro monumento, em homenagem à cafetina Eny Cezarino (1916-1997), dona de um dos bordéis mais conhecidos do Brasil nos anos 1960 e 1970, frequentado por políticos e empresários. "A Eny, sim, é um verdadeiro ícone de Bauru", diz.
A prefeitura informou à Folha que aprovou o projeto de instalação da loja, incluindo a logomarca da estátua. "Não há lei que proíba", afirmou. Procurada, a Havan não comentou o caso nem informou em quantas cidades tem estátuas semelhantes. Em 2008, quatro universitários foram presos depois de carregar para casa o Bauruzinho, um sanduíche de fibra de vidro com cerca de três metros, que também havia desagradado aos moradores.
Fonte: Folha Online
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