"Recebemos muitas reclamações de que o protocolo da última interdição não está sendo cumprido. Vamos conversar sobre essa questão com eles nesta terça. Vários trabalhadores falaram e há uma constatação dos nossos fiscais que estiveram lá", disse Luis Antonio de Medeiros, superintendente regional do trabalho e emprego do Estado de São Paulo, em entrevista.
O descumprimento do protocolo, segundo ele, não implica em uma nova interdição da obra, mas sim em uma multa à construtora, responsável pela maior parte do estádio. As regras para o cumprimento de horas extras foram estabelecidas no fim da última paralisação do Itaquerão, no fim do ano passado, quando um guindaste caiu e matou duas pessoas.
Desde o início da construção, há uma preocupação de todos os envolvidos com a celeridade do processo. A menos de três meses para a Copa, o Itaquerão ainda não está pronto e é tido como a maior preocupação da Fifa para a competição.
"Isso [Copa] não muda nada. O que está em risco é a integridade dos trabalhadores. As leis têm de ser cumpridas. Os fiscais tomaram medidas independentemente da Copa do Mundo. Não podemos terminar a qualquer custo. Isso é o padrão Fifa, não o nosso", disse Medeiros.
A Odebrecht não se pronunciou oficialmente sobre o assunto por não ter sido comunicada oficialmente. Fontes da construtora, no entanto, defendem que ela está cumprindo a legislação trabalhista e o acordo feito após o acidente do ano passado, com duas horas extras a mais por dia para cada funcionário.
Na última segunda, a obra do Itaquerão foi interditada pela segunda vez, agora por conta de más condições de trabalho. A Fast Engenharia, responsável pelas arquibancadas provisórias que darão 20 mil lugares a mais ao estádio na abertura, está impedida de operar as alas Norte e Sul até que instale redes de proteção para os trabalhadores.
Sábado passado, o operário Fábio Hamilton da Cruz caiu de uma das armações e morreu. Em uma vistoria, a Superintendência decidiu paralisar a construção. Segundo Medeiros, as condições de trabalho no local eram "precárias". As demais obras do estádio, responsabilidade da Odebrecht, seguem seu curso normal apesar da interdição parcial.
Uol