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‘Minha liberdade é vigiada’, desabafa mulher agredida em SP

A vendedora Sarah Mantovan da Silva, 27 anos, é uma mulher vaidosa. Maquiagem nos olhos, batom cor de rosa nos lábios e chapinha no cabelo, ela tem três tatuagens pelo corpo, duas delas, visíveis. É pelas tatuagens, aliás, que um pouco da história pessoal de Sarah começa a emergir: no braço direito, ela traz as iniciais do ex-companheiro contra quem move três processos judiciais; no esquerdo, quase no pulso, ela traz o Salmo 23 – o mesmo, por sinal, que pede, ao autor da prece, um guia “pelas veredas da justiça”.

Os processos de Sarah são todos resultado de três anos de violência física e psicológica que ela afirma ter sofrido do ex-companheiro, o qual conheceu em 2011 e só conseguiu denunciar à polícia em agosto do ano passado – ainda assim, mais de um mês após uma tentativa de agressão com uma faca de churrasco. Das grandes.

Depois de uma fuga para Minas Gerais e para o litoral sul de São Paulo, onde buscou proteção na casa de familiares, Sarah recorreu ao projeto “Guardiã Maria da Penha” , da Prefeitura e do Ministério Público estadual, para garantir que a distância mínima de 300 metros imposta pela Justiça a seu ex fosse cumprida. “A medida protetiva para ele era um nada”, ela conta. Como seu caso foi considerado um dos mais graves – a polícia teve acesso a 160 páginas com mensagens de texto e voz com ameaças de morte –, as visitas dos guardas civis metropolitanos são diárias. Liberdade vigiada? “Com certeza, porque eles sempre estão aqui”, conta Sarah. Que conclui: “Minha vida tem um antes de 2011 e um depois: antes, eu podia ir e voltar para onde eu quisesse; agora mudou tudo. Tenho receio até do que posso falar”, ela diz. E quando isso acontece? “Todo dia.”

Sarah começou a colocar a própria história em um livro. A ideia é incentivar outras vítimas de violência doméstica a denunciarem as agressões, e, quem sabe, entender a própria história. É como se, falando sobre o assunto – dando nome completo e cara para as imagens – ela pudesse, de alguma forma, eliminar o veneno do passado e produzir a vacina para o futuro.

Fonte: Terra

Redação

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