O Ministério da Defesa enviou fuzileiros navais para a região de Humaitá, no sul do Amazonas, após homens armados invadiram e atearem fogo a escritórios do Ibama, do Incra e do ICMBio na sexta-feira (27).
De acordo com o ministro Raul Jungmann, a operação Ouro Fino, do Ibama, de combate ao garimpo ilegal, será retomada com apoio das Forças Armadas.
Fotos mostram os escritórios do três órgãos federais em chamas, assim como duas camionetes. Ameaçados, os servidores fugiram de suas casas para se abrigar no quartel do Exército, segundo relatos obtidos pela Folha de S.Paulo.
O Ibama determinou neste sábado (28) a saída dos cerca de 12 funcionários do órgão que atuam na região. Eles foram deslocados pelo Ibama para Porto Velho (RO).
O diretor de Proteção Ambiental do órgão, Luciano de Meneses Evaristo, no entanto, disse à reportagem que a medida é temporária e o órgão vai retornar à região para continuar a nova fase da Operação Ouro Fino, que combate a exploração ilegal de ouro na unidade de conservação nacional de Humaitá.
"Vamos pedir apoio das Forças Armadas para cumprir nosso dever, nós não vamos parar nunca", disse Evaristo. Ele estima que há "centenas" de balsas, dragas e embarcações usadas ilegalmente pelos garimpeiros e que ainda precisam ser apreendidas na região.
O diretor do Ibama disse que a Polícia Militar de Humaitá, que conta com um batalhão na cidade, "foi omissa e não agiu para impedir a destruição do patrimônio público". Segundo Meneses, os servidores do Ibama entraram em contrato com a PM antes da depredação, mas as imagens do ataque não mostram nenhum policial militar tentando conter a multidão. Meneses disse que havia políticos locais insuflando os garimpeiros.
A operação Ouro Fino havia sido desencadeada pelo Ibama no último dia 24, com apoio da Marinha, Exército, Força Nacional e ICMBio. Na primeira investida, segundo Meneses, os fiscais localizaram e apreenderam 42 balsas usadas para extração clandestina do minério no rio Madeira.
A ideia do Ibama era rebocar as balsas até Humaitá, mas a equipe que operava o rebocador de uma empresa alugado pelo Ibama foi rendida e ameaçada pelos garimpeiros, segundo Meneses. O Ibama então se valeu de lei federal que permite a destruição de embarcações flagradas em situação ilegal e com ameaça ao meio ambiente e destruiu 31 balsas. Outras oito foram retiradas da região antes do ataque dos garimpeiros.
Pela legislação, os garimpeiros que se sentissem prejudicados poderiam pedir uma indenização à União, caso comprovassem que os bens estavam sendo usados de forma legal. Em vez disso, o grupo de garimpeiros atacou e destruiu as instalações do Ibama e do ICMBio, queimando quatro veículos e um barco da União. Além disso, segundo Meneses, duas casas de servidores do Ibama foram saqueadas.