Milhares de pessoas em Boston fizeram protestos neste sábado num comício de "liberdade de expressão", promovido por porta-vozes da extrema-direita, com centenas de policiais mobilizados para evitar violência como a que resultou na morte de uma mulher na manifestação de supremacistas brancos na Virginia, semana passada.
Apenas no histórico parque Boston Commom, centenas de manifestantes que acreditavam que o evento poderia se tornar uma plataforma para propaganda racista diminuíram as poucas dúzias de participantes do comício.
O número de manifestantes aumentou exponencialmente quando a marcha, com milhares de pessoas, chegou ao parque.
Aproximadamente 500 policiais colocaram barricadas para evitar que veículos entrassem no parque, o mais velho da nação. Para manter os dois grupos separados, também foi construído um cordão em volta do local do comício.
Os confrontos violentos da semana passada em Charlottesville, Virgínia, onde uma mulher foi morta em um atropeamento após batalhas sangrentas nas ruas, acentuaram tensões raciais já inflamadas por grupos de supremacia branca marchando mais abertamente em comícios pelos Estados Unidos.
Nacionalistas brancos convergiram na cidade universitária do Sul para defender a estátua de Robert E. Lee, que liderou o exército dos Confederados pró-escravidão durante a Guerra Civil, que terminou em 1865.
Um número crescente de líderes políticos norte-americanos tem pedido a remoção de estátuas honrando os Confederados, com ativistas dos direitos civis acusando-as de promover o racismo. Defensores das estátuas argumentam que elas são um lembrete de sua herança.
A Duke University removeu a estátua de Lee da entrada de uma capela em seu campus de Durham, na Carolina do Norte, disseram autoridades no sábado.
Organizadores do comício deste sábado em Boston denunciaram a mensagem de supremacia branca e a violência em Charlottesville e disseram que seu evento seria pacífico.
"O ponto disso é ter um discurso político em todo o espectro, conservador, libertário, centrista", disse Chris Hood, morador de Boston de 18 anos que está entre a multidão de algumas dezenas de pessoas que pretende se juntar ao comício de Liberdade de Expressão.
A violência da semana passada gerou a maior crise doméstica até agora para o presidente Donald Trump, que provocou a ira no espectro político por não condenar imediatamente os nacionalistas brancos e por elogiar "pessoas boas" em ambos os lados da briga.
Além do comício de Boston e da contra-marcha, protestos também são esperados no Texas neste sábado, com o Black Lives Matter de Houston realizando um comício para remover um monumento do "Espírito dos Confederados" de um parque e ativistas de direitos civis em Dallas planejando um comício contra a supremacia branca.
Autoridades de Boston também pretendem colocar bloqueios de estrada para evitar ataques como o fatal realizado em Charlottesville por um homem com simpatias neo-nazistas contra manifestantes e uma série de ataques semelhantes por extremistas islâmicos na Europa, mais recentemente em Barcelona.