Os problemas de abastecimento têm se agravado na cidade desde o início da gestão da CAB Cuiabá, que assumiu os serviços de água e esgoto na capital há quase dois anos. A polêmica concessão se tornou um transtorno gigantesco para a população que se vê refém da precariedade do atendimento.
Um exemplo do descaso é a Creche Municipal Inocêncio Leocádio da Rosa que atende cerca de 80 crianças de até 5 anos no bairro Paiaguás. Na sexta-feira (3) a unidade estava fechada por falta de água para atender as crianças.
“Os pais ficam bravos com a gente, mas como poderíamos suprir as necessidades das crianças sem um pingo de água, nem para beber? O problema maior é que a falta de água é constante e nós ficamos sem ter como dar banho nas crianças. E quando temos um pouco de água, temos que economizarporque a água que vem não dá para um dia inteiro de trabalho”, conta a técnica de desenvolvimento infantil (TDI) Enice Andrade.
A coordenação da creche tem feito reclamações diariamente à CAB Cuiabá, porém as suas reivindicações não são atendidas. “A Prefeitura é que acaba nos socorrendo com caminhões-pipa”, conta a TDI.
Na Escola Estadual Rodolfo Augusto, também no Paiaguás, a situação não é diferente. Os alunos são dispensados mais cedo frequentemente e muitos deles, sem ter como ir para casa sozinhos, ficam nas proximidades da escola expostos a abordagens negativas.
“Desde que a CAB Cuiabá assumiu nós ficamos sem água até para beber, então não tem jeito, temos que liberar os alunos mais cedo. Antes o abastecimento era deficitário, mas hoje é inexistente. Como a maioria dos alunos é do nosso bairro, acabamos dispensando mais cedo”, conta a coordenadora pedagógica Laismara Tasca.
Ainda de acordo com a coordenadora, muitos pais também ligam na escola para a liberação dos filhos quando ficam sabendo que a água está chegando em casa, para que eles possam ajudar a armazenar o líquido em mais recipientes. “Quando chega a água, praticamente uma vez por semana, temos que aproveitar e guardar bem, porque não sabemos quando vamos ter água novamente”, observa.