A Microsoft foi obrigada a tornar gratuitas as atualizações de segurança estendidas do Windows 10 para usuários do Espaço Econômico Europeu (EEE), que conta com os países da União Europeia (UE), além da Islândia, Liechtenstein e Noruega. A medida, confirmada na quinta-feira, 25, atende a pressões de entidades de defesa do consumidor e ocorre a menos de um mês do fim do suporte oficial ao sistema operacional, previsto para 14 de outubro.
A decisão representa uma mudança importante na política da empresa, que inicialmente condicionava o acesso ao programa Extended Security Updates (ESU) à ativação do backup do Windows (recurso que exige uma conta Microsoft e sincronização com o serviço de nuvem OneDrive).
O ESU custa US$ 30 por dispositivo e só é válido por um ano (até 13 de outubro de 2026), garantindo atualizações de segurança importantes para o Windows 10 mesmo depois de seu encerramento oficial, sem incluir recursos novos e nem melhorias no desempenho. Após essa data, dispositivos que permanecerem no Windows 10 ficarão sem suporte oficial, com risco de exposição a falhas de segurança.
A revisão da decisão foi resultado da pressão da Euroconsumers, grupo europeu de defesa do consumidor, que desde julho vinha contestando a prática com base na Lei de Mercados Digitais (DMA), norma da União Europeia que busca limitar abusos de grandes empresas de tecnologia.
“Estamos satisfeitos em saber que a Microsoft oferecerá uma opção gratuita de Extended Security Updates (ESU) para usuários do Windows 10 no Espaço Econômico Europeu”, disse a entidade em carta enviada à Microsoft na quarta-feira, 24.
No documento, a Euroconsumers celebra a retirada da exigência de backup em nuvem, que poderia levar consumidores a contratar planos pagos do OneDrive, e afirma que a prática levantava dúvidas sobre o cumprimento do artigo 6(6) da DMA.
Um porta-voz da Microsoft confirmou na quinta-feira a mudança em nota ao site Windows Central. “Estamos atualizando o processo de inscrição para garantir que ele atenda às expectativas locais e ofereça uma experiência segura e simplificada”, afirmou.
O posicionamento da companhia ressalta que a decisão se restringe ao EEE, deixando consumidores de países como EUA e Brasil sujeitos às condições originais. Para empresas, a Microsoft continuará oferecendo até três anos adicionais de suporte, mediante pagamento, conforme já ocorre com versões anteriores do sistema.
Na carta à empresa, a Euroconsumers também critica a limitação do suporte a apenas um ano para consumidores e defende a extensão das atualizações até que a maior parte da base de usuários consiga migrar.
“O programa ESU está limitado a um ano, deixando os dispositivos expostos a riscos após 13 de outubro de 2026. Uma medida de tão curto prazo fica aquém do que os consumidores podem razoavelmente esperar”, escreveu a entidade. O grupo argumenta ainda que a decisão acelera o descarte de computadores ainda funcionais, em contradição com a agenda europeia de sustentabilidade e redução de lixo eletrônico.
Estimativas citadas pela Euroconsumers apontam que mais de 850 milhões de dispositivos ativos ainda dependem do Windows 10, muitos deles incompatíveis com os requisitos de hardware do Windows 11, como o chip de segurança TPM 2.0.
A pressão contra a Microsoft não se limita à Europa. Nos EUA, a organização Consumer Reports também pediu a prorrogação do suporte no último dia 18, alertando que entre 200 milhões e 400 milhões de máquinas não podem migrar para o Windows 11.
Até o momento, a Microsoft não deu sinais de que vá rever a decisão globalmente. A empresa tem insistido na transição para o Windows 11, que desde o lançamento em 2021 é apresentado como mais seguro e integrado a novos recursos de inteligência artificial (IA). Enquanto isso, consumidores europeus ganham um fôlego extra de um ano, e em condições mais favoráveis que o restante do mundo.