Em entrevista exclusiva à Band, o presidente Michel Temer (PMDB) garantiu que todos os partidos da base aliada vão apoiar a prioridade do governo no Congresso: a criação de um teto para os gastos públicos. “Seis partidos já fecharam a questão e fecharam de forma espontânea. Isso mostra que o legislativo brasileiro tem consciência da dificuldade que o País está passando e vai colaborar para tirá-lo na crise”, disse.
“Tenho certeza de que, se esse teto de gastos fosse formulado cinco anos atrás, o Brasil seria de outra maneira”, acrescentou. “É claro que, quando se tem uma restrição, alguém vai reclamar, mas se você explicar, a pessoa vai entender que a restrição de hoje pode ser um benefício amanhã.”
Previdência
Segundo Temer, o ano de 2016 fechará com um déficit de R$ 100 bilhões na previdência. Ano que vem, esse rombo pode aumentar entre R$ 140 a R$ 150 bi. “Em dado momento, o aposentado vai bater nas portas do Poder Público e ele não terá como pagar”, projetou. “Não vamos alterar nenhum direito adquirido, vamos preservar isso; estamos montando uma reforma que seja efetiva para o futuro e suave para quem ainda está trabalhando.”
O presidente explicou que tal reforma provavelmente precisará de um período de transição. “Uma pessoa com cinco anos para se aposentar, talvez tenha que trabalhar por mais dois meses; outra prestes a se aposentar daqui a 20 anos, talvez precise trabalhar mais um ano”, exemplificou.
Reforma trabalhista
Após estabelecer o teto de gastos e promover mudanças na previdência, o foco do governo será a reforma trabalhista, o que, de acordo com Temer, já está em discussão no Judiciário. “Se os Tribunais Superiores, interpretando a Constituição em consolidação com as leis do trabalho, fizerem essa reforma, nem precisaremos levar isso adiante”, pontuou.
Concessões
Também está entre os planos do dirigente realizar concessões de serviços públicos. “Trinta e quatro setores [já estão sendo avaliados para o programa de concessões]; são portos, aeroportos, rodovias, petróleo e gás. Queremos apenas conceder? Não. É para gerar investimentos e empregos.”
Novos impostos
Temer falou ainda em “descartar qualquer hipótese de tributo” quando se pensa em “cortar na carne”, ou seja, estabelecer um teto para os gastos do governo.
Críticas
O presidente sinalizou que está pronto para as críticas, o que por diversas vezes aconteceu no governo anterior. “[houve críticas] quando a presidente [Dilma] editou uma medida provisória que permitia que o empregador reduzisse 30% do salário do empregado para mantê-lo no emprego, desde que houvesse um acordo entre os sindicatos”, lembrou.
Oposição
Por fim, Temer fez observações à oposição do Executivo e sua base aliada. “A ideia que se tem é que se você está na oposição, você tem que destruir o governo, impedir tudo o que ele faz, jogar contra”, lamentou.
Confira a íntegra da entrevista no Portal da Band.