Taiane Pereira da Silva, mãe do menino, é consolada (Foto: Severino Silva/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
A mãe do menino Ryan Gabriel, que morreu nesta segunda-feira após ter sido baleado no domingo (27) em Madureira, Subúrbio do Rio, saiu desesperada do Hospital Getúlio Vargas, na Penha, após a confirmação da morte do filho. As imagens do RJTV mostram como ela ficou ao saber da notícia.
"Tiraram meu filho, que é isso, Senhor? Meu mundo acabou. Ai, meu filho, ai Ryan, por que você me deixou?", gritava Taiane Pereira da Silva, 20 anos, ao sair do hospital. Ryan levou um tiro de bala perdida no peito, enquanto brincava na porta da casa dos avós, por volta das 16h, e morreu durante um tiroteio entre traficantes dos morros da Serrinha e do Cajueiro, em Madureira, no Subúrbio do Rio.
Desesperado após receber a notícia da morte do neto, Milton do Amparo, de 48 anos, desabafou na porta do hospital. "A Rio de Paz distribuiu ovos de Páscoa e o meu neto tomou um tiro. Que isso? Que covardia danada é essa?", questionou o avô.
A família estava no IML na manhã desta segunda-feira (28), esperando pela liberação do corpo. Milton do Amparo falou sobre o momento do tiro.
"Ele tava do meu lado, quando deu o tiro eu puxei ele, ele caiu no chão. Quando levantei ele, já tava alvejado com a bala. Aí eu entreguei ele nos braços da mãe e ela conseguiu sair correndo com ele no desespero e trouxe ele pra cá [Hospital Getúlio Vargas]", afirmou ele.
"Num domingo de Páscoa ninguém acredita que vá acontecer uma coisa dessa. O único ovo que ele comeu foi um coelhinho que eu dei para ele. Ouvi o tiro, dei um puxão nele e quando levantei ele, vi que tinha sido alvejado. O médico disse que a bala entrou nas costas e saiu no peito", acrescentou.
Devido à morte, a Avenida Edgar Romero, em Madureira, foi fechada em protesto na tarde desta segunda-feira. Pelo menos dois ônibus foram queimados no local.
Final de semana violento
O domingo de Páscoa foi violento em dois bairros vizinhos do Subúrbio do Rio. Em Cascadura, um intenso tiroteio entre milicianos e traficantes terminou com um homem morto e quatro feridos. Em Madureira, uma adolescente e um menino de quatro anos foram baleados em outro tiroteio.
Os moradores de Cascadura sofreram com um intenso tiroteio no início da noite. O confronto foi na esquina das ruas João Romeiro e Padre Telêmaco, que dá acesso à rua Clarimundo de Melo, uma das mais importantes do bairro.
Motoristas tiveram que voltar na contramão. Segundo a Polícia Militar, a troca de tiros foi entre milicianos e traficantes, que disputam o controle do morro do Fubá, em Cascadura. O batalhão de Rocha Miranda já tinha instaurado um inquérito policial militar pra investigar a participação de PMs na milícia que atua na região.
Durante a troca de tiros, pelo menos, três pessoas ficaram feridas e uma morreu. O batalhão de Rocha Miranda disse que foi acionado e, quando os policiais chegaram, foram recebidos a tiros. Os PMs encontraram um carro incendiado na Rua João Romeiro. Ao lado, estava um homem morto, identificado como Allan Clayton Barros Gomes.
Moradores avisaram à polícia que já tinham encontrado um ferido. Era um soldado da UPP da Mangueira baleado na mão, na perna e no rosto. Ele foi levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. Outras três vítimas do confronto foram socorridas no hospital: dois homens e uma mulher, Amanda Soares da Silva, de 24 anos, que foi atingida por uma bala perdida na panturrilha, quando estava indo para casa. Ela foi atendida e liberada.
Horas antes, o problema foi em Madureira. Moradores contaram que, por volta das 16h, traficantes do Morro da Serrinha tentaram invadir o Morro do Cajueiro, que é controlado por criminosos de uma facção rival. Segundo testemunhas, perto do local do confronto, na Rua Fausto Laurindo, uma adolescente de 17 anos, ainda não identificada, foi atingida nas duas pernas por balas perdidas. Ela foi levada para o Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo.
Fonte: G1