Opinião

Meu Ano em Oxford – Entre o Medo de Amar e o Peso da Beleza da Vida

Há filmes que não se limitam a contar uma história. Eles abrem janelas para dentro de nós, revelando as sombras e os brilhos que carregamos no coração.  

Meu Ano em Oxford (2025), dirigido por Iain Morris e inspirado na obra de Julia Whelan, é um desses retratos que, sob a roupagem de uma comédia romântica com toques de drama, mergulha naquilo que mais tememos: o amor, com sua força avassaladora de transformar destinos. 

A narrativa acompanha uma jovem americana que desembarca em Oxford para um ano de descobertas, acadêmicas e existenciais. Entre bibliotecas imponentes e tradições centenárias, ela se vê diante de um romance inesperado, intenso, mas também ameaçado pela fragilidade da vida. Amar, neste contexto, é como caminhar entre colunas antigas, belas e firmes, mas que escondem a possibilidade da ruína. O medo de amar nasce do medo de perder, de se entregar ao desconhecido, de perceber que quanto mais profunda a entrega, maior a vulnerabilidade. 

 O filme nos recorda que muitos preferem erguer muros, cultivar a distância, acreditar que a razão protege — quando, na verdade, apenas aprisiona. Nesse cenário, amar é uma travessia que exige coragem: aceitar que cada instante pode ser o último, mas ainda assim se permitir viver a beleza de cada minuto. 

Ainda que tenha recebido críticas negativas, a obra guarda méritos técnicos que não podem ser ignorados. A fotografia é marcada por tons suaves, que exploram a atmosfera bucólica da cidade de Oxford, onde a arquitetura secular serve de espelho para os dilemas atemporais da alma. O contraste entre interiores intimistas e paisagens amplas sugere o conflito entre o recolhimento do medo e a expansão que o amor exige.  

A trilha sonora cumpre o papel de delicada moldura, realçando tanto a leveza das cenas românticas quanto a densidade dos momentos de dor. Sofia Carson, no papel principal, empresta carisma à personagem, enquanto Corey Mylchreest oferece um contraponto emocional de entrega e sensibilidade.  

A direção de Iain Morris, ainda que criticada por certa previsibilidade narrativa, mantém um ritmo que alterna suavidade e tensão, reforçando a dualidade central: rir e chorar, viver e perder, amar e temer. 

Talvez Meu Ano em Oxford não seja lembrado como uma obra-prima do cinema, mas permanece como um lembrete daquilo que tantas vezes escondemos: o receio de sentir plenamente. Ele mostra que o amor, por mais assustador que pareça, é sempre maior que o medo. Pois é no risco da dor que a vida encontra sua verdadeira grandeza. 

 E assim, entre críticas e acertos, o filme nos convida a refletir: se não ousarmos amar, de que vale o tempo que nos foi dado?  

Afinal, sempre vale a pena amar — ainda que, no fim, tudo o que reste sejam as boas lembranças, doces e eternas como a brisa que atravessa os corredores silenciosos de Oxford. 

Vale a pena assistir, e amar……

Olinda Altomare é magistrada em Cuiabá e cinéfila inveterada, tema que compartilha com os leitores do Circuito Mato Grosso, como colaboradora especial. @aeternalente

Foto Capa: Reprodução/Divulgação

Olinda Altomare

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Olinda Altomare é magistrada em Cuiabá e cinéfila inveterada, tema que compartilha com os leitores do Circuito Mato Grosso, como colaboradora especial.

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