Agora, a Prefeitura de Cuiabá entrará com uma nova petição, para que a desembargadora Maria Aparecida Ribeiro reconsidere a decisação e peça a desocupação dos três empreendimentos.
Os restaurantes estão localizados exatamente no trecho do empreendimento da prefeitura, entre as Pontes Maria Eliza Bocaiuva (Ponte Nova) e Ponte Júlio Muller. A situação é apenas mais um dos capítulos que envolvem a obra orçada em R$ 28 milhões e que não tem data para conclusão.
Empresários
“Eu já nem tenho mais como lutar. Tenho oito funcionários, há dois meses não consigo pagar os salários, nem tenho condições de manda-los embora. Com a obra e o ‘poeirão’ os clientes quase não aparecem, mas não temos pra onde mudar. A prefeitura não nos dá opção, apenas nos expulsa”, reclama Marilândia Teixeira da Silva, proprietária do restaurante Orla Cuiabana, mais próximo as obras em andamento.
Há 14 anos instalada e trabalhando no local com a autorização da Prefeitura de Cuiabá, a empresária conta que conseguiu regularizar a atuação na área ainda no governo do ex-prefeito Roberto França. De lá pra cá, nunca foi ‘incomodada’ pelo poder público. Por isso, diz não entender porque o prefeito Mauro Mendes escolheu "apenas acusa-la de invasão e retira-la do local sem tentar qualquer acordo".
A mais recente intimação partiu da Vara de Meio Ambiente da Justiça de Cuiabá. A empresária, no entanto, diz acreditar que a obra da prefeitura prejudica muito mais a fauna e a flora local que a presença dela. “Eles sempre nos cobraram que fizéssemos tudo certo e fizemos seguimos tudo que nos foi pedido. Sempre tínhamos macaquinhos e pássaros aqui, agora é essa destruição que você vê. Sempre tem um animal atropelado na rua, fugindo do barulho da obra”.
Meio ambiente
A polêmica sobre os impactos da intervenção é antiga e coube até a posição do Conselheiro Federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, o arquiteto e urbanista Eduardo Chilleto, que endossa a afirmação de Marilândia.
“Este projeto da Orla do Porto, feito e apresentado à população pela Prefeitura Municipal de Cuiabá, é uma ação predatória de uma prefeitura que ignora a importância histórica do Rio Cuiabá, do Porto e suas margens. Este projeto não possui utilidade pública ou de interesse dos moradores do bairro do Porto. Invade em mais de 14.000,00 m2 a área de preservação permanente (APP) do Rio Cuiabá, onde se encontra grande variedade de fauna e flora, como por exemplo, os sinimbus que lá habitam e que serão expulsos do local por interferência antrópica”, pontuou Eduardo Chilleto antes mesmo do lançamento da obra.
Depois do inicio das obras foi lançado pelo grupo “Cuiabá para Pessoas” um uma página virtual o abaixo assinado (clique aqui) com a campanha Proteja a APP da Orla do Rio Cuiabá no bairro Porto. A ideia é que Prefeitura altere o projeto e recomponha a APP supostamente já desmatada. A campanha já conta com 9.281 assinaturas.
Outro Lado
Em nota, a assessoria da Prefeitura de Cuiabá comentou sobre a desapropriação e a polêmica relacionada a preservação ambiental do local. Confira íntegra:
Sobre a desocupação dos empreendimentos privados, a Prefeitura de Cuiabá entrará com uma petição pedindo que a desembargadora Maria Aparecida Ribeiro reconsidere e peça a desocupação.
Em realção ao meio ambiente, a obra tem licença ambiental obtida pela Secretária de Meio Ambiente do Estado e todos os possíveis impactos serão compensados. A também realiza um estudo de impactos da vizinhança.