O segundo dia de greve dos metroviários no Recife volta a causar transtornos aos usuários do transporte público na Região Metropolitana. Nesta quarta-feira (8), as estações de ônibus e terminais de integração, que unem o metrô a linhas de ônibus, contam com filas longas e coletivos lotados. Uma nova reunião entre a liderança dos metroviários, representantes do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), e a direção da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) está prevista para esta quarta e vai decidir os rumos da paralisação. A principal reclamação dos funcionários do metrô é a falta de segurança no trabalho, assunto de reportagem do G1.
Mais de 400 mil usuários do serviço estão sendo afetados diariamente. Na terça (7), durante todo o dia, a estação central do Recife estava com os portões fechados e corredores vazios. O transporte deixou de funcionar, inclusive, nos horários de pico. A volta para casa teve aumento no número de passageiros nos pontos de ônibus e espera nas filas. Muitos usuários tiveram que utilizar vários coletivos para chegar ao destino, gastando mais tempo e dinheiro.
A greve do Metrô do Recife teve início a partir da meia-noite da terça. A categoria entrou em greve para cobrar reforço na segurança das estações e medidas para proteger passageiros e funcionários de assaltos e outros crimes nas plataformas e vagões. Em assembleia feita no final da tarde, eles escolheram manter a paralisação por tempo indeterminado.
No fim do dia, apesar de muitos passageiros lotarem as paradas de ônibus, o tumulto não foi diferente dos dias em que não há greve. Além disso, as empresas de ônibus, através do Grande Recife Consórcio de Transporte, aumentaram a frota de algumas linhas e criaram novas.
Na estação de ônibus de Joana Bezerra, as filas não estavam longas, como de costume, devido à greve e aos fiscais faziam o controle do embarque e desembarque de passageiros. No entanto, passageiros da linha Aeroporto-Joana Bezerra relataram que esperavam o coletivo há mais de uma hora e meia.Nesta quarta, os grevistas prometem fazer mobilização, a partir das 19h, na central de manutenção do metrô, no bairro de cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, para tentar envolver os operários do setor no movimento. Às 15h, a categoria vai mobilizar os manifestantes para acompanhar a audiência de conciliação marcada na sede do TRT-PE.
71 quilômetros em três cidades
O Sistema de Trens Urbanos do Recife é operado em quatro linhas férreas, com extensão total de 71 quilômetros, abrangendo os municípios do Recife, de Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e do Cabo de Santo Agostinho. Ao todo, são 39 estações, transportando cerca de 400 mil passageiros por dia. A Linha Centro é a que tem maior demanda e estações mais inseguras, de acordo com o Sindicato dos Metroviários.
Quem trabalha no metrô não mede críticas à falta de segurança, apontando, inclusive, à redução da guarda terceirizada que atua nos terminais. Segundo os trabalhadores, a maior parte das estações tem apenas uma pessoa fazendo a patrulha por turno, tendo que dividir-se em duas plataformas, de embarque e desembarque.
Reivindicações dos metroviários
Os metroviários afirmam que assaltos ocorrem com frequência dentro e fora das estações. Segundo eles, caixas eletrônicos instalados nas estações atraem o interesse de quadrilhas armadas. "Desde 2012, a gente vem discutindo esse problema da segurança e a CBTU só realiza paliativos, nenhuma solução definitiva. Em fevereiro deste ano, a CBTU apresentou algumas propostas e o documento foi assinado em audiência no TRT [Tribunal Regional do Trabalho], mas nada foi cumprido. Nesta última semana, a empresa também deu sugestões, mas nada concreto, por isso, votamos pela paralisação", disse Diogo Morais.
Ele acrescentou que as estações Santa Luzia, Werneck, Floriano e Engenho Velho estão entre as mais inseguras por terem movimento de passageiros relativamente pequeno, o que facilita a ação de bandidos devido à falta de policiamento ostensivo.Ainda segundo Morais, em assembleia realizada no último dia 30 de setembro, trabalhadores da área de segurança apresentaram um número preocupante: este ano já foram notificadas 1.600 ocorrências nas estações de metrô, entre assaltos, vandalismo e agressões. Ele lamenta que a população não registre queixa nas delegacias.
A segurança da parte interna do metrô é de função da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). O G1 procurou a empresa, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. A CBTU informou que, de janeiro a outrubro deste ano, foram registrados apenas quatro assaltos em trens, sendo três na Linha Centro e um na Linha Sul. Já furtos ou tentativas foram 17 na Linha Centro. Na área externa das estações, foram três roubos em terminas da Linha Centro e um da Linha Sul. O telefone da ouvidoria do Metrorec/CBTU para sugestões e reclamações é o (81) 2102-8580.
Em nota, a Polícia Militar (PM) informou que realiza policiamento ostensivo no entorno das estações do metrô da Região Metropolitana do Recife com homens a pé e motorizados, com carros e motos. O órgão afirma que faz operações com abordagens e aponta que a falta de formalização e informação sobre os delitos dificultam a ação da PM na identificação e prisão de criminosos. O telefone da corporação para registrar ocorrências é o 190.
G1