Lixo espalhado, mau cheiro, calor e falta de estrutura. Esses e outros problemas são encontrados no Mercado Varejista Antônio Moisés Nadaf, popularmente conhecido como Mercado do Porto. Embora seja um dos cartões-postais da cidade, a feira ainda se encontra abandonada e com falta de logística, tanto para os comerciantes quanto para os clientes que passam por lá.
O que deveria ser referência no Estado, após 116 anos de história, ainda se encontra com adversidades aparentemente sem solução, devido a constantes promessas não cumpridas. Gestão após gestão no Executivo municipal, há anos o local não passa por um processo de revitalização. E o que resta é uma estrutura precária, com azulejos soltos, telhas despencando, mau cheiro do lixo e poças d’água formadas após a chuva.
Com 480 boxes com aproximadamente 280 permissionários, o que salva a ‘imagem’ da feira ainda é a diversidade de produtos que são oferecidos no local, que vão de comércio de peixes a frutas e verduras.
A feirante Kiss Naianne pontuou diversas falhas na estrutura do Mercado. Dentre eles está o calor, que se acentua durante o dia. “Tem esses ventiladores, mas eles só funcionam quando tem água na caixa. Quando acaba, eles param de funcionar e fica este calorzão que você mesma pode ver. Os clientes sempre reclamam disso, mas o pior é nós que ficamos passando calor, ainda mais com esse tempo de Cuiabá”, disse.
Além do calor, há outros empecilhos. Do lado de fora da feira, na parte frontal, há três contêineres de lixo que exalam forte odor devido aos restos de comida jogados por lá. Sem os devidos cuidados, o cheiro se espalha pela feira e também pelas lanchonetes que ficam mais próximas.
Uma das comerciantes, que tem uma lanchonete próxima aos contêineres, disse que por diversas vezes reclamou sobre o cheiro, mas pouco foi feito até então. Ela ainda salientou a falta de estrutura no local: “Meus clientes sempre reclamam desse cheiro que vem do lixo. Já reclamei bastante, mas não tive resposta de nada até agora. Além disso, tem algumas telhas caindo dessa estrutura e alguém vai acabar se machucando”.
Quem também reclama da estrutura é a dona Maria de Lourdes. Comerciante de roupas na feira há mais de 20 anos, ela disse que já perdeu as esperanças de continuar reclamando para qualquer órgão público ou associação. Disse que sempre quando chove há algum tipo de prejuízo no pequeno estabelecimento.
“Eu já perdi material um monte de vezes por conta da chuva. Agora, que está em época, sempre recolho minha mercadoria correndo e espero a chuva passar. Enquanto ela não acaba, fico esperando e perco clientes ao mesmo tempo”.
Se uns sofrem com o ‘excesso de água’, outros sofrem com a falta de. O comerciante de peixes Juarez de Souza Costa reclama que toda semana as caixas ficam vazias e as torneiras, secas. Além disso, ele reclamou da falta de organização e comunicação entre a associação e os feirantes do local: “No meu caso, não posso ficar sem água porque mexo com peixes e tenho que limpar eles direto. E a gente fica de duas a três vezes por semana com falta de água. A única coisa boa de verdade é a limpeza, que eles têm feito bem. E também já escutei milhares de vezes sobre a reforma daqui da feira. Eu nasci e me criei aqui, nunca vi grandes obras. E o que tem aqui é o que você vê: falta de estrutura, mau cheiro que vem do lixo lá de fora e tudo mais. Não tem condições de ser dessa forma”.