Mensagem divulgada pela UFJF foi alterada por coletivo de mulheres negras (Foto: Reprodução/Facebook)
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se retratou nesta quarta-feira (30) com toda a sociedade após o desencadeamento de uma polêmica causada por diversas interpretações a uma das mensagem da campanha de fim de ano da instituição, no dia 22 de dezembro.
Na ocasião, a UFJF publicou em sua página oficial no Facebook a imagem de uma pessoa negra tendo o cabelo desembaraçado pelas mãos de uma pessoa branca. Ao lado, a frase “desembarace os sonhos” completava a mensagem.
A imagem viralizou, causou polêmica na rede social e, no dia 27 de dezembro, a UFJF retirou a campanha do ar e disse, em nota, que a intenção era divulgar “o otimismo e a construção de um mundo melhor como princípios fundamentais” para o ano de 2016, mas que “algumas peças deram margem a interpretações negativas”, conforme o texto.
Grupos reagiram contra o posicionamento inicial da instituição e exigiram uma retratação. Foi o caso do Coletivo PretAção, formado por mulheres negras, que repudiou a campanha e afirmou que foram afetadas pelo cunho racista da publicação.
“Somos ou fomos estudantes da instituição, portanto, a maioria de nós enfrenta cotidianamente as várias faces do racismo nos espaços da universidade. Consideramos que as peças da campanha representam um retrocesso na luta antirracista”, conforme post na página do Facebook do grupo, no dia 29 de dezembro.
Junto ao texto, o grupo divulgou a mesma imagem, com a mensagem original riscada e a nova inscrição “UFJF, tire suas mãos de nossos cabelos”. A nova imagem foi compartilhada diversas vezes e a universidade então publicou um novo texto em seu site oficial se retratando com qualquer pessoa que tenha se sentido ofendida.
Outra imagem foi divulgada no Facebook oficial da instituição agradecendo aos movimentos e militantes antirracismo. No artigo, intitulado “O lugar do corpo negro e o racismo institucional”, a UFJF faz um breve apanhado histórico de como a imagem negra foi deturpada ao longo dos quatro séculos de escravidão e como este processo ainda acontece atualmente.
“O que não podemos concordar é que o trabalho desenvolvido ao longo de tantos meses seja completamente desconsiderado por conta de um equívoco, que foi prontamente percebido e trabalhado, inclusive com a imediata retirada da campanha, e, assim agindo, a universidade busca dar uma resposta institucional e madura, pedindo sinceras desculpas e perdão a toda a sociedade pelo uso de uma imagem que trouxe à tona um imaginário negativo e combatido”, trouxe no texto.
UFJF participou de campanhas em 2015
A universidade lembrou ainda de campanhas contra o racismo em que se posicionou ao longo de 2015, como a “Quantos professores/as negros/as você tem?”, que buscou problematizar e afirmar a existência destes professores na universidade, embora em número baixo, proporcionalmente.
De acordo com um levantamento da própria universidade, existem apenas 20 professores negros entre os quase 1.000 professores efetivos na UFJF.
Também lembraram da campanha #ahbrancodaumtempo, em que a instituição assumiu a existência de racismo dentro do campus. A própria diretora de Ações Afirmativas, Carolina Bezerra, participou segurando um cartaz com a inscrição “O racismo existe e a UFJF luta contra ele”.
Fonte: G1