Menopausa é o nome que se dá ao fim permanente das menstruações e, com isso, da fertilidade. Ocorre, geralmente, entre 45 e 55 anos. Muitas vezes, o termo é empregado erroneamente para designar o climatério, que é uma fase de transição do período reprodutivo (fértil) para o não reprodutivo na vida da mulher. A principal característica da menopausa é a parada das menstruações. Em muitas mulheres a menopausa se anuncia por irregularidades menstruais, menstruações mais escassas, hemorragias, menstruações mais ou menos frequentes.
Durante a fase reprodutiva, os períodos menstruais geralmente ocorrem em ciclos mensais, nos quais há liberação de um óvulo pelo ovário (ovulação) aproximadamente duas semanas após o primeiro dia da menstruação. Para que esse ciclo ocorra regularmente, os ovários têm de produzir uma quantidade suficiente dos hormônios estrogênio e progesterona. A menopausa ocorre porque, com o avanço da idade, os ovários ficam sem óvulos disponíveis e param de produzir estrogênio e progesterona. Anos antes da menopausa, a produção de estrogênio e progesterona começa a diminuir e os períodos menstruais e a ovulação ocorrem com menor frequência. Os períodos menstruais e a ovulação acabam cessando permanentemente e não há mais a possibilidade de ocorrer gravidez de forma natural. A última menstruação pode ser identificada apenas posteriormente, quando não tiver ocorrido qualquer menstruação durante um período mínimo de um ano.
A menopausa é evidente em aproximadamente 75% das mulheres. Análises laboratoriais normalmente são desnecessárias. Se a menopausa começa vários anos antes dos 50 ou os sintomas não são nítidos, podemos realizar exames para constatar distúrbios que possam interromper os períodos menstruais. O histórico médico e familiar da mulher ajudar o médico a determinar se ela tem risco de desenvolver determinados distúrbios após a menopausa. Uma mamografia também será realizada caso não tenha sido feita recentemente. Exames de sangue e a medição da densidade óssea, principalmente em mulheres que apresentam fatores de risco para osteoporose, podem ser realizados.
A maioria das mulheres começa apresentar sintomas de intensidade variável já no inicio do climatério, sintomas que se intensificam de acordo com a progressiva diminuição das concentrações de hormônios sexuais femininos. A menstruação irregular pode ser o primeiro sintoma de climatério. Normalmente, as menstruações ocorrem com maior frequência, depois com menor frequência, mas qualquer padrão é possível. As menstruações podem ser de curta ou longa duração, mais fracas ou mais fortes. Podem não ocorrer durante meses, depois se tornam regulares novamente. Em algumas mulheres, as menstruações ocorrem regularmente até a menopausa.
As ondas de calor afetam de 75 a 85% das mulheres. Geralmente iniciam antes das menstruações cessarem. A maioria das mulheres sofre com as ondas de calor por mais de um ano e mais da metade delas por mais de quatro anos. As ondas de calor costumam se tornar menos intensas e ocorrer com menos frequência à medida que o tempo passa. As causas das ondas de calor ainda não são conhecidas. Durante uma onda de calor, os vasos sanguíneos próximos à superfície da pele aumentam (dilatam-se) e, consequentemente, o fluxo sanguíneo aumenta, deixando a pele, principalmente da cabeça e do pescoço, vermelha e quente (ruborizada). A mulher sente-se quente e a transpiração pode ser intensa. Às vezes, as ondas de calor são chamadas de fogacho, pois a pele do rosto pode ficar vermelha. A onda de calor dura de 30 segundos a cinco minutos e pode ser seguida por calafrios.
Outros sintomas incluem mudanças de humor, depressão, irritabilidade, ansiedade, nervosismo, distúrbios do sono (incluindo insônia), perda de concentração, cefaléia e fadiga. Muitas mulheres sofrem desses sintomas durante o climatério e presumem que a causa é a menopausa. Entretanto, a evidência que corrobora a relação entre a menopausa e esses sintomas é heterogênea. Esses sintomas não estão relacionados diretamente à diminuição dos níveis de estrogênio que ocorrem na menopausa. Muitos outros fatores como o próprio envelhecimento ou certos distúrbios, podem explicar os sintomas.
Muitos desses sintomas, apesar de perturbadores, tornam-se menos frequentes e intensos após a menopausa. Entretanto, a diminuição nos níveis de estrogênio causa alterações que podem prolongar-se negativamente até prejudicarem a saúde. O revestimento da vagina se torna mais fino, mais seco e menos elástico (atrofia vaginal) pode causar dor durante as relações sexuais. O desejo sexual (libido) normalmente diminui com a idade. A maioria das mulheres ainda pode ter orgasmo, mas algumas precisam de mais tempo para alcançá-lo. O revestimento da uretra torna-se mais fino e a uretra, mais curta e, como consequência, micro-organismos podem entrar no corpo e algumas mulheres desenvolvem infecções das vias urinárias mais facilmente. Após a menopausa, a necessidade de urinar pode subitamente se tornar irresistível (incontinência urinária de urgência), o que às vezes dá origem à incontinência urinária, que é a micção involuntária.
A redução nos níveis de estrogênio, bem como o próprio envelhecimento, causa uma diminuição na quantidade de colágeno (proteína que fortalece a pele) e de elastina (proteína que confere elasticidade à pele), assim, a pele pode tornar-se mais fina, seca, menos elástica e mais suscetível a lesões. A diminuição de estrogênio frequentemente causa uma diminuição da densidade óssea e, às vezes, osteoporose, pois o estrogênio ajuda a preservar os ossos. Durante os primeiros dois anos após a menopausa, a densidade óssea diminui rapidamente. Depois disso, diminui aproximadamente de 1 a 2% ao ano. Após a menopausa, os níveis do colesterol LDL (colesterol ruim), aumentam nas mulheres, o que explica, em parte, por que a aterosclerose e, consequentemente, a doença arterial coronariana ocorre com mais frequência nas mulheres após a menopausa.
O tratamento é baseado em medidas gerais, que incluem alimentação saudável, atividade física regular, não fumar, evitar consumo exagerado de bebidas alcoólicas e cuidados com a saúde bucal, certos medicamentos, medicina alternativa (discutível) e terapia hormonal. Compreender o que ocorre durante o climatério pode ajudar as mulheres a lidarem com os sintomas. Conversar com outras mulheres que já tenham passado pela menopausa ou com seus médicos também pode ajudar.
Um recado importante: o fato de ter entrado na menopausa não dispensa a mulher de acompanhamento ginecológico regular. E mulheres que não desejam engravidar devem usar métodos anticoncepcionais até um ano após sua última menstruação.
Qualquer dúvida procure seu médico e nunca se automedique. Até a próxima semana.
DRA POLIANA PELISSARI
MÉDICA GENERALISTA PELA UNIFENAS BH