Jefferson Vianna, de 17 anos, sempre teve facilidade nas aulas de matemática da escola pública em que estudava em Jijoca de Jericoacoara (CE). Ele não imaginava que sua habilidade na disciplina merecia destaque até ganhar o ouro em sua primeira Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, em 2008.
"Para mim, foi um grande susto. Não imaginava que poderia chegar lá." A consciência de sua capacidade foi o pontapé inicial para uma vida escolar de sucesso que o levou à nota máxima em matemática no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2014: 973,6 pontos.
Jefferson não sabe se acertou todas as 45 questões da prova. "Nas minhas contas, eu tinha errado uma questão, que era a mais difícil. Não sei, posso ter errado na hora de passar o gabarito", diz rindo.
O que pensa em fazer agora com a nota do Enem? Nada. O estudante estava de olho mesmo era em uma vaga no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) ou no Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa).
"Eu penso em trabalhar no setor financeiro ou bancário, então pensei em fazer engenharia ou administração e economia", conta. Com a reprovação no ITA e uma bolsa recebida na instituição privada, já tem data para embarcar para São Paulo, onde morará pelos próximos cinco anos.
Bolsa deu oportunidade de estudo
Sua primeira medalha de ouro na olimpíada de matemática abriu portas. Como prêmio, recebeu uma bolsa de iniciação científica do CNPq para aperfeiçoar seus conhecimentos em exatas por três anos. Nessa época, ia todo mês de Jericoacoara a Sobral para assistir aulas de aprofundamento.
Do 7° ao 9° ano do ensino fundamental, vieram mais medalhas nas olimpíadas de matemática das escolas públicas. Assim foi descoberto por um programa de apoio a bons alunos de escola pública, o Primeira Chance. O programa pagava as mensalidades de um bom colégio em Fortaleza e alimentação.
"O que era mais caro para mim era a moradia. Fui para um pensionato que custava R$ 800 por mês e isso era metade do salário da minha mãe como professora e meu pai estava desempregado", lembra.
Esforçado e competitivo, Jefferson agarrou a oportunidade e se debruçou sobre os estudos. Ele conta que, em seu 1° ano do ensino médio, era um dos piores alunos da sala de exatas do Colégio Ari de Sá.
"Nos primeiros meses, eu estudei muito porque não queria ser o último. Não estava acostumado a isso." Sua rotina de estudos começava às 8h e terminava às 22h.
O empenho foi premiado com medalhas nas Olimpíadas Brasileiras de Física e em aprovações no vestibular ainda como treineiro. Na lista de feitos está a aprovação no Instituto Militar de Engenharia (IME), do Rio de Janeiro, ainda no segundo ano.
Para quem ainda tem as provas de vestibular pela frente, ele indica: "Não pode ter medo de fazer questão, não pode ter medo de errar. Às vezes você olha a pergunta e acha que não sabe, daí você lê de novo e pensa mais um pouco com algoque você sabe e, se tentar responder com o que sabe, pode conseguir. Tem que tentar."
Fonte: iG