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Meia-entrada não resolve todos os problemas de acesso à cultura das pessoas com deficiência

 
Quem trabalha auxiliando pessoas com deficiência também foi beneficiado pela lei, que estendeu a eles o direito à meia-entrada. Ainda assim, profissionais que atuam na área alertam que o desconto não soluciona o problema do acesso à cultura das pessoas com necessidades especiais.
 
“Antigamente, íamos para o cinema com uma pessoa cega e ficávamos descrevendo as cenas para ela. Isso ajuda, mas temos que pensar no direito de quem está ao lado e pode se incomodar com alguém falando”, disse Valeria Rocha Conde Aljan, assessora da direção do Instituto Benjamim Constant, que oferece ensino para pessoas cegas.
 
Valéria, que trabalha na instituição há quase 30 anos, explicou que hoje existem recursos como a audiodescrição, pelo qual, com o uso de fones, a pessoa ouve detalhes sobre expressões faciais e corporais que comuniquem algo, informações sobre o ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e qualquer informação escrita na tela que não é percebida pelos diálogos.
 
“A questão da meia-entrada é delicada. Dá acesso à parte econômica, mas a audiodescrição, que está previsa em lei, não está 100% [implantada]”, explicou a professora. “Sem esses mecanismos, a meia-entrada não vale nada”, completou.
 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), existem mais de 16 milhões de pessoas com deficiência visual total e parcial no país, mas Valéria Aljan lembrou que o problema da acessibilidade, que limita os benefícios da meia-entrada como facilitadora do acesso à cultura, esbarra nos problemas de outros tipos de deficiência. “No caso da deficiência auditiva, é o mesmo. Sem tradutores, a meia-entrada não tem efeito prático”, ponderou.
 
Professores do instituto lembram que muitas pessoas com algum tipo de deficiência acabam optando por alugar um filme ou vídeo de show para assistir em casa e, dessa forma, driblar os problemas da acessibilidade. Segundo eles, a questão econômica para esse público tem impacto menor. “Uma vez por mês, por exemplo, algumas peças [em cartaz no Rio de Janeiro] têm sessões com audiodescrição, e nesses casos é convite, é grátis”, disse Valéria Aljan.
 
Agência Brasil

Redação

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