Fotos Ahmad Jarrah
Os médicos da rede pública municipal em greve foram até a Praça Alencastro, na tarde desta quarta-feira (20), para o 5º Mutirão pela Saúde. A iniciativa reuniu 20 médicos de diversas especialidades, como pediatria, ginecologia, clínicos gerais, entre outros e atendeu cerca de 200 pessoas.
No espaço os profissionais atendiam em mesas e cadeiras de plástico, principalmente mulheres, mães com seus filhos e idosos. No mutirão são feitos consultas e exames clínicos possíveis com a estrutura do local, e pedidos de medicamentos e exames mais elaborados. O objetivo do mutirão é desafogar o atendimento dos Postos de Sáude, que por conta da greve estão paralisados.
Mislene Roberto, moradora do bairro Canjica, comenta sobre a iniciativa: “Muito bom [O Mutirão], principalmente porque nos postos não estou conseguindo atendimento. Aí fiquei sabendo e resolvi vir aqui na praça pra conseguir atendimento para o neném. Eu vim procurar pediatra porque ele está com algo no pulmão e uma coceirinha na pele. E aproveitei pra mim também, ginecologista”.
De acordo com o Sindimed, os médicos estão sendo impedidos de realizar mutirões dentro dos Postos de Atendimento, por isso ocuparam a Praça Alencastro em frente ao prédio da Prefeitura de Cuiabá. “Fizemos aqui na praça porque estamos sendo impedidos de atender dentro das unidades, somos todos funcionários públicos, contratados pela prefeitura e eles não nos deixam entrar nas unidades para atender as pessoas lá. Por isso resolvemos vir hoje em frente à prefeitura para sensibilizar isso, para falar para o prefeito que queremos negociar”, declarou Eliana Siqueira.
Eliana comentou a surpresa dos médicos com a situação: “Nem nas nossas piores previsões acreditamos que iríamos ficar 45 dias de greve sem o prefeito se dispor a negociar com a gente. Talvez o último recurso seja mesmo sair da greve sem nenhuma garantia que tenha todas as retaliações possíveis, mas nós estamos avaliando essas possibilidades”.
Uma das pacientes do dia de hoje, Ernestina Balduino Cruz veio do Jardim Europa para ser atendida e elogia o Mutirão “Eles são muito caridosos, acho que eles tiveram uma iniciativa maravilhosa, porque tem pessoas que não tem plano de saúde e se ficar esperando quando for ter médico, já morreu”, comenta.
Contudo, discorda das posturas dos médicos em greve: “Péssima, eu acho que os médicos teriam que atender não só pelo dinheiro, mas pelo juramento que eles fizeram. Não é assim, tem que atender. Se eles querem ser médicos tem que atender porque fizeram juramento. Tem que trabalhar nem que seja de graça”, declarou incisiva.
Morgana Campos, outra paciente do Mutirão discorda: “De todas as greves que houve nos hospitais em Cuiabá, que eu me lembre, nunca aconteceu isso de tanto tempo em greve. Ridículo a postura do governo. Não é nem pelos médicos, porque eles querem trabalhar, mas como é que trabalha em um hospital que não tem condição e capacidade para atender os pacientes bem?”, relatou.
A presidente do Sindimed refuta a ideia de que a luta é pelo salário, “atualmente nem o salário pode ser aumentado mais, só que nós queremos que tenha minimante medicação, exames a disposição do paciente e que tenhamos as escalas de plantão cobertas, todos os médicos contratados pelos plantões. A população sabe que não está boa saúde, que está com falta de exames, medicamentos, leitos. Infelizmente alguém tem que se levantar para lutar e quem se levanta para lutar está sendo duramente penalizado nessa gestão. Os médicos não estão aqui para afrontar o prefeito, mas estão aqui em defesa da saúde da população, porque estamos cansados de ver pessoas morrendo o tempo inteiro, sendo mortes que poderiam ser evitadas se tivéssemos todas as condições de trabalho pelas quais a gente tem lutado”, explicou.