Mix diário

Mediana das projeções para o IPCA de 2024 sobe de 4,55% para 4,59% no Focus do BC

A mediana das projeções do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 subiu pela quinta semana seguida, de 4,55% para 4,59%, mantendo-se acima do teto da meta de inflação, de 4,50%. Um mês antes, ela estava em 4,38%. Considerando apenas as 109 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a previsão passou de 4,55% para 4,60%.

Se essa projeção se confirmar, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai terminar a sua gestão escrevendo a terceira carta aberta para explicar o descumprimento da meta. No início do ano que vem, Campos Neto será substituído na presidência da instituição pelo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, indicado ao cargo pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

A mediana para a inflação de 2025 oscilou de 4,0% para 4,03%, mais próxima do teto, de 4,50%, do que do centro da meta, de 3%. A partir do ano que vem, a meta será contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o BC terá descumprido o alvo.

Considerando as 108 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para o IPCA de 2025 passou de 4,0% para 4,07%.

A mediana para a inflação de 2026 voltou a se distanciar da meta, passando de 3,60% para 3,61%, após quatro semanas de estabilidade. A estimativa intermediária para 2025 se manteve em 3,50%, como já está há 70 semanas.

O Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne entre a terça-feira e a quarta-feira para definir a taxa Selic, considera o segundo trimestre de 2026 como horizonte relevante da política monetária. O colegiado esperava um IPCA de 3,50% nos quatro trimestres fechados nesse período, no cenário com a taxa Selic do Focus e dólar começando em R$ 5,60 e evoluindo conforme a paridade do poder de compra (PPC).

Também no cenário de referência, o Banco Central espera que o IPCA termine 2024 em 4,30% e desacelere a 3,70% em 2025.

PIB

A mediana das previsões dos economistas do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 aumentou pela quarta semana seguida, de 3,08% para 3,10%, aproximando-se das estimativas do BC e do Ministério da Fazenda, de 3,20%. Considerando apenas as 64 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana passou de 3,07% para 3,10%.

A estimativa intermediária para 2025 se manteve em 1,93%, estável há quatro semanas, apesar da expectativa de um ciclo maior de aumento de juros – que, tudo mais constante, deveria esfriar a atividade.

Considerando apenas as 108 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana passou de 1,90% para 1,97%.

Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2,0%, como já estão há 65 e 67 semanas, respectivamente.

Selic

A mediana das estimativas do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para a taxa Selic no fim de 2024 se manteve em 11,75% pela quinta semana consecutiva, consolidando a avaliação do mercado de que o Copom aumentará os juros em 0,5 ponto porcentual nas suas duas próximas reuniões. O colegiado define a taxa nesta quarta-feira, 6, e no dia 11 de dezembro.

Considerando apenas as 91 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária para a Selic também se manteve em 11,75%. Na sua última decisão, de 18 de setembro, o Copom aumentou os juros em 0,25 ponto porcentual, de 10,50% para 10,75%.

As medianas para a Selic em prazos mais longos subiram, indicando que o Banco Central terá um espaço limitado para cortar juros nos próximos anos, em meio à desancoragem das expectativas, atividade forte e disparada do dólar. A mediana para 2025 subiu de 11,25% para 11,50%. Considerando apenas as 90 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 11,25% para 11,75% – o mesmo nível esperado para o fim de 2024.

A estimativa intermediária para a Selic no fim de 2026 subiu de 9,50% para 9,75%, interrompendo uma sequência de nove semanas de estabilidade. A mediana para os juros no fim de 2027 passou de 9,0% para 9,25%, após 23 semanas de estabilidade.

Câmbio

A mediana das expectativas do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para a cotação do dólar no fim de 2024 subiu pela terceira semana consecutiva, de R$ 5,45 para R$ 5,50. Um mês antes, era de R$ 5,40. As estimativas também avançaram para o fim de 2025 (R$ 5,40 para R$ 5,43), 2026 (R$ 5,33 para R$ 5,40) e 2027 (R$ 5,35 para R$ 5,40).

Na última sexta-feira, 1º, a moeda norte-americana escalou até R$ 5,8694, o segundo maior nível nominal da história, em meio ao mal-estar causado pelo anúncio da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa, visto como sinal de falta de urgência no governo para anunciar um pacote de corte de gastos. No domingo, Haddad cancelou o compromisso.

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

Estadão Conteudo

About Author

Você também pode se interessar

Mix diário

Brasil defende reforma da OMC e apoia sistema multilateral justo e eficaz, diz Alckmin

O Brasil voltou a defender a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) em um fórum internacional. Desta vez, o
Mix diário

Inflação global continua a cair, mas ainda precisa atingir meta, diz diretora-gerente do FMI

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva disse que a inflação global continua a cair, mas que deve