Ex-secretário da Casa Civil preso ontem (09), Paulo Taques enfim desistiu de continuar advogando em defesa do deputado estadual Mauro Savi (DEM) no processo em que o próprio também é investigado,. Em consequência direta, Savi exerceu o direito de permanecer em silêncio na manhã desta quinta-feira (10), no que deveria ser seu depoimento ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). As equipes de reportagem do Circuito Mato Grosso vinham questionando a OAB e advogados criminalistas há tempos quanto à lisura e ética do ex-secretário-chefe da Casa Civil seguir advogando mesmo enfrentando pelo menos dois processos criminais (Taques também é investigado no caso graompolândia pantaneira).
Advogado e cliente foram presos na manhã de quarta-feira por força da segunda fase da Operação Bereré, chamada de Bônus, que, segundo denúncia formulada pelo Ministério Público Estadual (MPE), colocou fim e apura responsabilidades em um esquema de fraude e propina operado dentro do Detran e que teria lesado o erário em algo em torno de R$ 30 milhões em apenas quatro anos.
Quem defende Savi agora é o advogado Paulo Fabrinny Medeiros. Seu escritório justificou o silêncio do novo cliente porque a banca de defesa não teria, entre a tarde de ontem, quando foi instituída a nova defesa, e a manhã de hoje (10), tempo hábil para traçar uma estratégia adequada.
Hoje também devem prestar depoimento o ex-chefe da Casa Civil e ex-defensor de Savi, Paulo Taques, e os empresários Claudemir Pereira dos Santos, o Grilo, e José Kobori.
De acordo com a decisão do desembargador José Zuchim Nogueira, que ordenou as prisões ontem, Paulo Taques era o homem da empresa EIG Mercados dentro do governo Pedro Taques (PSDB), com contrato firmado em Brasília um dia depois que o primo foi eleito governador do Estado, em uma espécie de garantia para manter o propinoduto aberto desde o governo Blairo Maggi, nos idos de 2009. Mauro Savi é apontado como um dos chefões do esquema que, sempre de acordo com a denúncia do MPE, envolveria vários deputados estaduais.
O ex-chefe da Casa Civil teria recebido nada menos que R$ 2,6 milhões para manter o esquema a funcionar por meio da prestação de serviços dentro do Detran, como o registro de financiamento de veículos em alienação fiduciária, gravame. A partir daí, entrava em cena outra empresa, a Santos Treinamentos, responsável por lavar o dinheiro amealhado.
Quando tudo começou, no governo Blairo, em 2009, a EIG Mercados atendia por outro nome: FDL Serviços. Nesses tempos, recebia dinheiro ilegal daí advindo o ex-governador Silval Barbosa, Mauro Savi, o ex-deputado federal Pedro Henry e Eduardo Botelho (DEM), atual presidente da Assembleia Legislativa. Quem os pagava era Claudemir Pereira, também conhecido como “Grilo”.
Ele utilizava-se de cheques e depósitos bancários promovidos pela Santos Treinamentos, da qual Grilo era sócio.
Na quarta-feira (09) também foram presos junto com os políticos o sócio de Grilo, Roque Anildo Reinheimer, Valter José Kobori (da EIG Mercados), e o irmão de Paulo Taques, Pedro Jorge Zamar Taques.
Na sexta-feira (11), é a vez de Eduardo Botelho ser ouvido pelo Gaeco em depoimento. O presidente da AL foi sócio da Santos Treinamentos entre setembro de 2010 e abril de 2013.